A mais recente turbulência está a ameaçar o Pentágono, onde o secretário da Defesa, Pete Hegseth, afastou os seus principais conselheiros e enfrenta nova controvérsia sobre a partilha de informações confidenciais sobre ataques aéreos no Iémen fora dos canais confidenciais, noticiou hoje a agência Associated Press (AP).
Hegseth negou hoje que a informação fosse confidencial, apesar de relatos de que foi retirada de comunicações seguras do chefe do Comando Central dos EUA.
Um antigo porta-voz do Pentágono, que foi demitido na semana passada, escreveu no portal de notícias Politico que Trump deveria demitir Hegseth por liderar um "colapso total".
Hegseth 'atacou' hoje no Fox News Channel, onde foi apresentador antes de se juntar à administração Trump, criticando as pessoas que trabalhavam para ele.
A equipa de segurança nacional de Trump ficou recentemente abalada com a visita de Laura Loomer, uma teórica da conspiração de extrema-direita que questiona a fiabilidade da sua equipa, à Sala Oval.
O Presidente republicano demitiu alguns dos funcionários, encorajando Loomer a continuar a investigar pessoas em toda a administração.
Numa entrevista à jornalista independente Tara Palmeri divulgada na segunda-feira, Loomer ironizou a ideia de que a Casa Branca é "uma grande família feliz".
"Os conselheiros não se dão bem uns com os outros. Os chefes das agências não se dão bem uns com os outros", sublinhou.
Grande parte da tensão está ligada à determinação de Trump em utilizar as tarifas para reequilibrar a economia global, com as autoridades a contradizerem-se frequentemente e a recorrerem ocasionalmente a insultos.
O conselheiro de Trump, Elon Musk, o empreendedor bilionário cujas empresas podem sofrer com custos mais elevados causados pelos impostos de importação, criticou duramente Peter Navarro, o principal conselheiro de Trump para o comércio, dizendo que era "mais burro do que um saco de tijolos".
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afastou a ideia de uma crescente discórdia dentro do governo, dizendo que há "muitos mais exemplos da equipa do presidente a trabalhar em conjunto, de forma entusiasmada e colaborativa, para promover os objetivos do governo".
Trump sempre teve uma elevada tolerância ao caos, evitando as deliberações políticas tradicionais para acolher opiniões divergentes e vendo a imprevisibilidade como uma ferramenta de negociação.
Mas agora, o conflito crescente sublinha os riscos de mais turbulência nos próximos meses, à medida que Trump avança com uma reforma drástica da burocracia federal, do comércio internacional, da política externa e muito mais.
John Bolton, que serviu como conselheiro de segurança nacional no primeiro mandato de Trump antes de escrever um livro revelador criticando o círculo íntimo do presidente, disse que o drama reflete a falta de uma ideologia consistente e a inexperiência de muitos funcionários do governo.
A situação é um teste para Susie Wiles, chefe de gabinete da Casa Branca, que ajudou a comandar a campanha presidencial de Trump no ano passado. No primeiro mandato, Trump teve quatro chefes de gabinete.
Com a sua nova administração, Trump rodeou-se de apoiantes e tem-se mostrado relutante em expulsar alguém em resposta à cobertura negativa dos grandes meios de comunicação social, que considera inimigos.
Os aliados dizem que a hesitação em fazer mudanças de pessoal neste mandato tem como objetivo impedir que os críticos ganhem, mesmo que isso signifique deixar no poder autoridades problemáticas.
O presidente norte-americano desmentiu na segunda-feira as notícias de que Hegseth participou num segundo chat de grupo para falar sobre os ataques aéreos pendentes no Iémen no mês passado.
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