Norte-americanos, ucranianos e europeus deverão discutir em Londres, na quarta-feira, o cessar das hostilidades na Ucrânia, após mais de três anos de guerra.
"Após um cessar-fogo, estamos prontos para nos sentarmos [para negociações], em qualquer formato", garantiu Volodymyr Zelensky, durante uma conferência de imprensa em Kyiv.
No dia anterior, o seu homólogo russo, Vladimir Putin, tinha mencionado um possível retomar das negociações diretas com a Ucrânia para discutir uma trégua limitada aos ataques às infraestruturas civis.
As últimas conversações diretas entre representantes russos e ucranianos ocorreram na primavera de 2022, no início da invasão liderada pelo Kremlin, e terminaram em fracasso.
Washington, por sua vez, está a manter discussões separadas com Kyiv e Moscovo.
O diálogo com a Rússia depende de Steve Witkoff, empresário promovido a negociador-chefe de Donald Trump, que é esperado em Moscovo antes do final da semana para aquela que será a sua quarta viagem à Rússia desde o relançamento das relações russo-americanas iniciado em meados de fevereiro pelo presidente republicano.
As negociações com Kyiv estão a ser lideradas por outro enviado dos EUA, Keith Kellogg, que representará os Estados Unidos em Londres na quarta-feira.
Donald Trump "está cada vez mais frustrado com ambos os lados desta guerra, e deixou isso bem claro", frisou hoje a sua porta-voz, Karoline Leavitt.
Volodymyr Zelensky indicou hoje estar pronto para se encontrar com Trump no Vaticano, onde ambos deverão comparecer no funeral do Papa, marcado para sábado. Seria o seu primeiro encontro desde uma discussão particularmente acesa em fevereiro na Casa Branca.
O governante ucraniano esclareceu que Kyiv não mantém negociações com os Estados Unidos sobre nova ajuda militar e estava a receber do país apenas a assistência prestada pelo ex-presidente norte-americano, Joe Biden.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alertou, por sua vez, que "a questão dos acordos é tão complexa que seria errado impor limites rígidos e tentar estabelecer um prazo curto para um acordo, um acordo viável --- seria uma tarefa ingrata".
Sem pressa, o presidente russo mantém as suas exigências maximalistas, incluindo uma capitulação de facto da Ucrânia, que esta renuncie à adesão à NATO e que as cinco regiões ucranianas sejam anexadas. Todas estas são condições inaceitáveis para Kyiv e os seus aliados --- em primeiro lugar, os europeus.
Entretanto, Odessa, no sul da Ucrânia, foi alvo de um "ataque maciço" de drones russos durante a madrugada de hoje, ferindo pelo menos três pessoas, de acordo com uma nota do chefe da administração regional, Oleh Kiper, na sua página na rede social Telegram.
Também hoje, a Rússia atingiu a cidade de Zaporijia, no sul, com duas bombas planadoras --- uma arma soviética adaptada que há meses tem sido utilizada para devastar o leste da Ucrânia.
O ataque matou uma mulher de 69 anos e feriu 24 pessoas, incluindo quatro crianças, segundo o governador regional Ivan Fedorov.
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