O Departamento de Estado rotulou de forma semelhante oito organizações criminosas latino-americanas, aumentando a pressão sobre os cartéis que operam nos EUA e qualquer pessoa que os auxilie, e a nova medida indica que o governo planeia exercer pressão semelhante sobre os gangues do Haiti, noticiou a agência Associated Press (AP).
A designação acarreta sanções e penalizações para qualquer pessoa que forneça "apoio material" ao grupo.
A decisão surge após uma série de medidas contra o gangue venezuelano Tren de Aragua, que foi designado como uma organização terrorista estrangeira e depois apelidado de força invasora ao abrigo de uma lei de guerra do século XVIII, para justificar a deportação de migrantes venezuelanos para uma conhecida prisão em El Salvador.
De acordo com a notificação enviada aos comités do Congresso em 23 de abril, a administração Trump disse que pretende designar os gangues haitianos Viv Ansanm e Gran Grif como organizações terroristas estrangeiras, de acordo com duas pessoas ligadas ao processo, que falaram à AP sob condição de anonimato.
Uma terceira pessoa confirmou que as comissões de Negócios Estrangeiros da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso) e do Senado (câmara alta) receberam a notificação.
A designação surge após uma ação da administração Trump, em fevereiro, para revogar as proteções que abrangiam meio milhão de haitianos da deportação.
O rótulo de organização terrorista estrangeira é normalmente reservado a grupos como a Al-Qaeda ou o Estado Islâmico, mas aplicá-lo aos gangues haitianos significa que a Casa Branca de Trump está a alargar a antiga definição de terrorismo estrangeiro dos EUA.
Os gangues controlam pelo menos 85% da capital do Haiti, com Viv Ansanm, que significa "Viver Juntos", a atacar comunidades outrora pacíficas nas últimas semanas, numa tentativa de controlar ainda mais território.
Gran Grif, também conhecido como gangue Savien, faz parte da coligação Viv Ansanm e é liderado por Luckson Elan, mais conhecido por "General Luckson".
É o maior gangue que opera na região central de Artibonite, no Haiti, com cerca de 100 membros.
O Gran Grif foi formado depois de Prophane Victor, um antigo membro do Parlamento do Haiti que representava a comunidade Petite Riviere em Artibonite, ter começado a armar jovens na região, de acordo com um relatório da ONU. Victor foi detido em janeiro.
O Canadá sancionou-o em junho de 2023, tal como os EUA em setembro de 2024, acusando-o de apoiar gangues "que cometeram graves abusos dos direitos humanos".
Mais de 5.600 pessoas foram mortas no Haiti no ano passado, com a violência dos gangues a deixar mais de 1 milhão de desalojados no país de quase 12 milhões de pessoas, segundo a ONU.
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