A diretora da DG ENER, da Comissão Europeia, Cristina Lobillo, disse hoje, numa intervenção na conferência anual da Sedigas -- Associação Espanhola de Gás, em Madrid, que a CE está a cumprir as suas obrigações regulamentares na sequência do apagão.
Cristina Lobillo registou que a CE está a "acompanhar continuamente" o apagão com os três países afetados e que irá liderar uma investigação independente sobre as causas do corte de energia com a primeira reunião, marcada para 12 de maio, noticia hoje a Efe.
A reunião da próxima segunda-feira vai contar com todos os operadores de rede europeus e será encabeçada por um operador de um país que não seja Portugal, Espanha ou França.
Lobillo acrescentou que a CE vai participar na qualidade de observador, sem um papel fundamental.
Os três países têm três meses para enviar um relatório à CE para justificar as causas do apagão elétrico, o que permitirá à CE efetuar uma primeira análise e avaliar se é necessário alterar a legislação em vigor.
A diretora do DG ENER advertiu que a investigação "vai levar tempo" e que o executivo comunitário não quer especular. Ainda assim, a CE quer receber a informação "o mais rapidamente possível" para "poder avançar no contexto comunitário".
Em 28 de abril, um corte generalizado no abastecimento elétrico deixou Portugal continental, Espanha e Andorra praticamente sem eletricidade, bem como uma parte do território de França.
Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do apagão.
A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade anunciou a criação de um comité para investigar as causas deste apagão, que classificou como "excecional e grave" e que deixou, sobretudo, Portugal e Espanha às escuras.
Hoje, Lobillo disse ainda que o organismo comunitário pretende pôr termo às importações de gás russo até 2027.
"A Rússia não é um parceiro fiável", declarou.
Com as medidas aprovadas recentemente pela CE em relação ao bloqueio definitivo do gás proveniente da Rússia, os países vão ser obrigados a transmitir com total transparência a origem das importações do gás.
Sobre o hidrogénio e o biometano, a responsável apontou que o quadro regulamentar da CE está "quase concluído" e a sua finalização e adoção deve acontecer antes do próximo verão.
Já sobre o hidrogénio verde, a diretiva considerou que o quadro regulamentar será "fundamental" para, entre setembro e outubro, criar uma plataforma que especifique a oferta e a procura atuais e futuras.
Leia Também: Apagão? "É bastante estranho que ainda não saibamos o que aconteceu"