Desde a noite de terça-feira que a Índia e o Paquistão se têm bombardeado mutuamente, matando pelo menos 38 pessoas do lado paquistanês e 12 do lado indiano, no confronto militar mais grave entre os dois países em duas décadas.
As tensões entre as duas potências nucleares, rivais desde que se tornaram independentes do Reino Unido, em 1947, agravaram-se desde 22 de abril, quando homens armados mataram 26 pessoas no lado indiano de Caxemira.
A escalada de tensões transformou-se num confronto militar na madrugada desta quarta-feira, levando Pequim e Londres a oferecerem mediação, enquanto ONU, Moscovo, Washington e Paris pediram moderação.
Nova Deli afirmou ter "atingido a infraestrutura terrorista no Paquistão (...) a partir da qual foram organizados e direcionados os ataques terroristas contra a Índia".
Já o Paquistão disse que "se reserva o direito absoluto de responder decisivamente a este ataque indiano não provocado", que vê como um "ato de guerra", ao mesmo tempo que informou que os ataques indianos danificaram uma das barragens de geração de eletricidade no lado paquistanês de Caxemira.
Logo após o ataque, o conselheiro de segurança nacional da Índia, Ajit Doval, informou o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, sobre os ataques.
Antes, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, anunciou que a Índia ia "cortar a água" dos rios que correm do indiano território para o Paquistão, em retaliação pelo atentado mortal cometido na Caxemira indiana. Ficava, assim, suspensa a participação da Índia no tratado de partilha de água com o Paquistão, assinado em 1960.
Por que está Caxemira no centro do conflito?
A montanhosa Caxemira tem estado no centro das tensões desde a divisão da Índia e do Paquistão após a independência do Reino Unido, em 1947.
A província de maioria muçulmana com um líder hindu hesitou entre juntar-se à Índia de maioria hindu ou ao Paquistão de maioria muçulmana, levando, em 1949, à primeira guerra entre os dois vizinhos. Outros conflitos ocorreram em 1965 e 1999.
O Paquistão e a Índia controlam partes de Caxemira, mas reivindicam todo o território e mantêm tropas estacionadas para monitorizar a Linha de Controlo, que separa as regiões.
A Índia acusa o vizinho de financiar e treinar rebeldes que exigem a independência ou a anexação da Caxemira Indiana ao Paquistão desde 1989. Islamabade nega e afirma apoiar a luta pela autodeterminação e denunciar violações dos direitos humanos na região.
Comunidade internacional faz "forte apelo" à contenção do conflito
O governo britânico foi um dos primeiros a reagir à escalada das tensões entre a Índia e o Paquistao, afirmando-se "pronto" a intervir para "acalmar" o conflito.
Do lado português, fez-se um "forte apelo" para reduzirem a tensão e entrarem "rapidamente num processo de diálogo".
A China, por sua vez, lamentou a "ação militar desencadeada pela Índia" e mostrou-se "preocupada com os desenvolvimentos atuais".
Já os talibãs, no poder no Afeganistão, pediram aos dois países para evitarem uma escalada do conflito e resolverem os problemas "com diálogo e diplomacia", a bem da estabilidade na região.
Por sua vez, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, só reagiu ao final da tarde desta quarta-feira, apelando à Índia e ao Paquistão para que cessem as hostilidades "agora".
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