A Ucrânia e a Rússia sentam-se esta quinta-feira à mesa para discutir o futuro do conflito entre os dois países. Volodymyr Zelensky desafiou o presidente russo e a estar presente no encontro, mas Putin decidiu enviar apenas uma delegação em representação do país.
Recorde-se que o presidente ucraniano tinha avisado de que a sua posição no encontro dependeria de quem estaria presente. Posto isto, adensam-se as dúvidas sobre o rumo que as relações entre os dois países tomará.
"Estou à espera para ver quem chega da Rússia. Depois decidirei que medidas a Ucrânia tomará. Os sinais nos meios de comunicação social ainda não são convincentes", declarou Zelensky.
Mantem-se também uma incógnita sobre como vai acontecer este encontro, sendo até incerto, até ao momento, as horas a que irá começar. A Rússia terá anunciado esta manhã que as conversações teriam início pelas 10h [8 horas em Portugal], uma informação que foi refutada pela Ucrânia.
Delegação russa já chegou a Istambul
Segundo a BBC, já chegou à cidade turca a comitiva russa eleita para representar a Rússia, confirmando-se a ausência do líder do país. A comitiva é composta pelo assessor presidencial Vladimir Medinsky, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Mikhail Galuzin, vice-ministro da Defesa, Alexandre Fomin, e o chefe da Direção Principal do Estado-Maior-General das Forças Armadas Russas, Igor Kostyukov.
Apesar de ausente, Vladimir Putin terá reunido com esta delegação na quarta-feira, a fim de com eles preparar as negociações que decorrem hoje.
A mesma publicação refere que não é expetável que Zelensky esteja também presente e que deverá enviar uma equipa de negociadores.
Zelensky encontra-se com Erdogan e só depois decide próximos passos
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, deve encontrar-se em Ancara com o homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, e só depois decidirá sobre os "próximos passos" nas negociações com a Rússia, revelou fonte ucraniana.
Até agora, a Rússia e a Ucrânia mantiveram o suspense sobre o formato das conversações de paz em Istambul, local da última reunião dos dois beligerantes, há três anos.
O líder ucraniano reiterou que a decisão sobre o cessar-fogo e o futuro da guerra está nas mãos de Moscovo.
"A Ucrânia está pronta para participar em qualquer formato de negociação, e não temos medo de reuniões", afirmou.
Trump também cancelou ida mas... pode ainda rumar à Turquia
Entretanto, também Donald Trump, que se tinha mostrado disponível para ir à Turquia caso Putin fosse, disse que já não iria.
Porém, esta manhã, ter-se-á mostrado disponível para mudar de ideias e viajar para o país palco das conversações esta sexta-feira, caso se assista a desenvolvimentos positivos nas negociações pela paz.
Em declarações feitas no Qatar, no âmbito de uma viagem de quatro dias pelo Médio Oriente, o presidente dos Estados Unidos disse esperar que a Rússia e a Ucrânia façam "alguma coisa" porque esta guerra "tem de acabar".
"Gostávamos de ver a guerra acabar e acho que temos uma possibilidade de isso acontecer", disse ainda.
O que está em causa?
Mais de três anos após o início da invasão russa da Ucrânia, Kyiv e Moscovo relançam esta semana conversações de paz diretas na Turquia, as primeiras desde a primavera de 2022.
Kyiv, os seus aliados europeus e Washington querem um cessar-fogo total e incondicional de 30 dias antes de qualquer negociação.
No sábado, Putin "não excluiu" a possibilidade de uma trégua ser discutida nas conversações, mas sublinhou que essas discussões deveriam centrar-se nas "causas profundas do conflito". Antes disso, Moscovo tinha-se mostrado relutante em aceitar um cessar-fogo prolongado, por considerar que permitiria a Kyiv fortalecer-se, recebendo armas ocidentais, enquanto o exército russo tem a vantagem na linha da frente.
O Kremlin tem mantido as suas exigências maximalistas: a "desmilitarização" da Ucrânia, o que equivaleria à sua rendição, e a sua renúncia a aderir à NATO. Reivindica também a anexação de quatro regiões do sul e do leste da Ucrânia que controla parcialmente, bem como a península da Crimeia, anexada em 2014.
Estas exigências são inaceitáveis para Kyiv, que há meses pede "garantias de segurança" sólidas, através da adesão à NATO ou do envio de um contingente militar internacional, para dissuadir Moscovo de uma nova invasão.
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