Gaza? "Mal conseguimos preparar uma refeição por dia. Ajuda não é luxo"

A população da Faixa de Gaza aguardava hoje desesperadamente a distribuição de ajuda humanitária, à medida que aumenta a pressão internacional sobre Israel, acusado de só permitir a entrada no território palestiniano de uma ínfima parte do apoio necessário.

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© Abed Rahim Khatib/Anadolu via Getty Images

Lusa
21/05/2025 13:13 ‧ há 6 horas por Lusa

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Médio Oriente

O relato é feito pela agência de notícias France-Presse (AFP) que recolheu testemunhos, via telefone, de habitantes do enclave palestiniano, cenário de uma guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas desde outubro de 2023.

 

"A situação é insuportável. Não chegou nenhuma ajuda e ninguém nos distribui nada", disse à AFP Oum Talal al-Masri, 53 anos, por telefone, a partir de um bairro da cidade de Gaza.

"Mal conseguimos preparar uma refeição por dia. A ajuda não é um luxo - precisamos urgente e desesperadamente de tudo: alimentos, medicamentos, água potável e produtos de higiene", acrescentou.

Após mais de dois meses e meio de bloqueio total imposto à Faixa de Gaza, Israel anunciou que tinha autorizado a passagem de uma centena de camiões da ONU na segunda e terça-feira.

A autorização por parte de Israel de uma ajuda limitada a Gaza na segunda-feira foi descrita pela ONU como "uma gota no oceano" e 22 países exigiram a retoma "imediata da ajuda total".

O Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (OCHA) queixa-se de que as condições impostas por Israel estão a dificultar a entrega da ajuda aos seus destinatários finais, depois de ter entrado em Gaza.

"De momento, a ajuda não passa de palavras", lamentou ainda Oum Talal al-Masri, à medida que Telavive intensifica a sua ofensiva militar no território.

"As nossas equipas transportaram 19 mortos, na maioria crianças, e dezenas de feridos na sequência dos ataques aéreos dos aviões de guerra israelitas em várias zonas da Faixa de Gaza, ontem à noite [terça-feira à noite] e hoje de madrugada", declarou, também à AFP, Mahmoud Bassal, porta-voz da Defesa Civil, uma organização de primeiros socorros.

As imagens da AFP-TV mostraram a continuação dos ataques israelitas, nomeadamente no sul da Faixa de Gaza, desde o nascer do dia.

A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) acusou Israel de só permitir a entrada em Gaza de ajuda "ridiculamente insuficiente" em relação às necessidades do território, para não ser acusado de "matar a população à fome".

"Este plano é uma forma de utilizar a ajuda como um instrumento ao serviço dos objetivos militares das forças israelitas", afirmou Pascale Coissard, coordenadora de emergência dos MSF em Khan Yunis, no sul de Gaza, num comunicado de imprensa.

Hoje, o Papa Leão XIV lançou um "apelo urgente" para permitir a entrada de "ajuda humanitária decente" em Gaza e para "pôr fim às hostilidades", "cujo preço atroz está a ser pago por crianças, idosos e doentes".

Perante a situação humanitária catastrófica e a intensificação das operações militares israelitas em Gaza, muitos países europeus aumentaram a pressão.

A União Europeia (UE) vai reexaminar o seu acordo de associação com Israel, em vigor desde 2000, anunciou na terça-feira a chefe da diplomacia do bloco comunitário, Kaja Kallas.

Já o Reino Unido declarou que vai suspender as negociações com Israel sobre um acordo de comércio livre.

O Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, saudou hoje as vozes que se levantaram no estrangeiro para rejeitar "as políticas de bloqueio, fome, deslocação e confiscação de terras" e "a utilização por Israel da ajuda como arma e instrumento político para atingir os seus objetivos ilegítimos".

"A pressão externa não irá desviar Israel do caminho de defesa da sua existência e segurança", afirmou na terça-feira, por sua vez, o Governo israelita, argumentando que a revisão do Acordo de Associação UE-Israel reflete "uma total falta de compreensão da complexa realidade que Israel enfrenta" e encoraja "o Hamas a manter-se firme".

A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do grupo extremista palestiniano Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023 que causou cerca de 1.200 mortos e 250 reféns.

A retaliação de Israel provocou mais de 53.000 mortos em Gaza, além da destruição de grande parte das infraestruturas do território governado pelo Hamas desde 2007.

Leia Também: "As crianças estão a morrer". A busca desenfreada por comida em Gaza

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