Nawrocki surgiu no canal da plataforma YouTube de Mentzen, que ficou em terceiro lugar na primeira volta da votação realizada no domingo, com 14,8%, e assinou uma declaração de oito pontos durante uma discussão de uma hora e meia com o político do partido Confederação.
"Temos uma posição convergente em muitos pontos", comentou Nawrocki no final do encontro, a pouco mais de uma semana da segunda volta, marcada para 01 de junho, que vai escolher o próximo Presidente polaco e sucessor do conservador Andrzej Duda, que atingiu o limite de mandatos.
Rafal Trzaskowski, atual presidente da Câmara de Varsóvia e que recebe o apoio da principal força na coligação governamental, e o historiador independente Karol Nawrocki, apoiado pelo maior partido de oposição, ficaram separados por uma curta diferença no domingo, com 31,36% e 29,54%, respetivamente.
Para vencerem a votação decisiva, ambos precisam do apoio do eleitorado dos 11 candidatos vencidos, onde se destacam Slawomir Mentzen e outro radical de ultradireita, Grzegorz Braun, que obteve mais de 6% e ficou em quarto lugar.
Após a primeira volta, Slawomir Mentzen tinha desafiado na terça-feira os dois candidatos finalistas para um debate no YouTube, antes de indicar o seu apoio para a votação de 01 de junho.
Ao assinar a declaração hoje apresentada por Mentzen, o historiador nacionalista comprometeu-se com a agenda de extrema-direita da Confederação e a opor-se à adesão da Ucrânia à NATO, bem como a não enviar soldados polacos para o país vizinho, que enfrenta há mais de três anos a invasão da Rússia.
O candidato declarou-se "mais crítico" da Ucrânia do que o Presidente cessante, embora tenha ressalvado que a integração de Kiev na Aliança Atlântica é um assunto que "não se coloca hoje".
Nawrocki prometeu ainda rejeitar qualquer aumento de impostos, defender a moeda nacional, o zloty, contra uma eventual introdução do euro, e não restringir o acesso dos polacos às armas.
A declaração compromete-o também com a recusa de "qualquer transferência de poderes" das autoridades de Varsóvia para órgãos da União Europeia e prometeu não assinar novos tratados europeus que "enfraquecessem o papel da Polónia" no bloco comunitário.
O debate no YouTube foi seguido por 350.000 pessoas.
A eleição de 01 de junho é um importante teste para a coligação governamental liberal pró-europeia, liderada pela Plataforma Cívica (PO) de Donald Tusk, que em outubro de 2023 remeteu para a oposição o partido Lei e Justiça (PiS), que apoia o atual Presidente polaco e Karol Nawrocki na corrida pela sucessão.
Para os partidos no Governo, uma vitória de Trzaskowski poria fim à difícil coabitação com o chefe de Estado cessante, que tem usado amplamente o seu poder de veto para bloquear as políticas do executivo, que incluem a reforma judicial e revisão da lei do aborto.
Na perspetiva do PiS, o triunfo do seu candidato representaria não só manter o controlo da presidência como inverter um ciclo de sucessivos desaires eleitorais para voltar à rota do poder, de onde foi afastado após oito anos de confrontação com a União Europeia e acusações de deriva autoritária.
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