Dados refutam acusação de Trump sobre morte de "milhares" de agricultores

Dados da organização AfriForum, constituída por 'afrikaner' (descendentes de europeus), refutam acusações do Presidente norte-americano, Donald Trump, de que "milhares" de agricultores brancos foram mortos na África do Sul.

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© Chip Somodevilla/Getty Images

Lusa
22/05/2025 18:13 ‧ há 4 horas por Lusa

Mundo

África do Sul

O tema sobre o alegado genocídio aos agricultores brancos voltou a ser debatido por Trump quando recebeu quarta-feira, na Casa Branca, o seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa.

 

Segundo Trump, existem "centenas", até "milhares, de sul-africanos" que querem ir para os Estados Unidos da América (EUA), devido a uma suposta "perseguição aos agricultores brancos".

No entanto, os dados da própria organização AfriForum, constituída por 'afrikaner' (descendentes de europeus), refutam Trump ao terem registado 49 homicídios em quintas sul-africanas em 2023, sem especificarem etnias, informação avançada pela agência France-Presse.

Estes 49 homicídios são uma pequena fração dos 27.621 contabilizados pela polícia sul-africana entre abril de 2023 e março de 2024 em toda esta nação, vizinha de Moçambique.

As autoridades sul-africanas reportaram, para o mesmo período, 436 homicídios e 331 tentativas de homicídio em áreas rurais, como quintas, pequenas propriedades e terrenos agrícolas. Contudo, a maioria dessas vítimas são trabalhadores agrícolas negros, refletindo a estrutura demográfica do setor.

Segundo dados do instituto de estatística sul-africano (StatsSA), existiam, em 2022, cerca de 2,2 milhões de agregados familiares negros que viviam da agricultura, comparados com aproximadamente 127 mil famílias brancas.

Ainda assim, a minoria branca detinha 72% das terras agrícolas em 2017, apesar de representar apenas 7,3% da população total de 62 milhões de habitantes, de acordo com os censos de 2022.

Esta narrativa de genocídio contra agricultores brancos tem sido repetida por grupos da extrema-direita internacional e levou a que 59 pessoas fossem acolhidas como refugiadas nos EUA, segundo a embaixada norte-americana em Pretória citada pela AFP --- um número simbólico face ao universo de cerca de 4,5 milhões de sul-africanos brancos.

Questionado sobre o número de pedidos de asilo ou vistos humanitários recebidos, o Departamento de Estado dos EUA afirmou apenas que a embaixada continua a "analisar os pedidos de indivíduos que manifestaram interesse em mudar-se para os Estados Unidos", sem fornecer dados específicos.

A Câmara de Comércio Sul-Africana nos EUA, que criou uma plataforma de registo para recolher manifestações de interesse, indicou em março que recebeu 67.042 pedidos de sul-africanos que pretendiam emigrar.

No entanto, segundo referiu o presidente da organização, Neil Diamond, à AFP em fevereiro, "não é fácil para um sul-africano emigrar, sobretudo para os Estados Unidos".

A esmagadora maioria dos homicídios na África do Sul continua a ocorrer em áreas urbanas, com altos níveis de criminalidade e violência, afetando predominantemente a população negra.

Especialistas apontam que a persistência das desigualdades estruturais herdadas do regime do 'apartheid' contribui para o contexto social e económico que alimenta estes níveis de violência.

Leia Também: Presidente da África do Sul espera que Trump vá à cimeira do G20

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