A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) realiza entre segunda-feira e terça-feira, no centro de convenções de Kuala Lumpur, a primeira cimeira anual de chefes de Estado e de Governo da organização, cuja presidência rotativa pertence à Malásia.
Os líderes dos países que formam a ASEAN acreditam que esta decisão unilateral do Governo do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, representa enormes desafios ao crescimento económico e à estabilidade na região, segundo um projeto de declaração a que a agência de notícias France-Presse (AFP) teve acesso.
O aumento das tarifas anunciado por Trump, que em parte estão temporariamente suspensas, perturbou os mercados globais e o comércio internacional. Os líderes dos dez países da ASEAN estão, por isso, a tentar encontrar formas de limitar as consequências para as suas economias, que dependem em grande parte do comércio.
O bloco está também encurralado na batalha comercial entre os seus principais parceiros comerciais, os Estados Unidos e a China.
No entanto, ambos os países reduziram significativamente os respetivos impostos alfandegários durante um período de 90 dias, após negociações em Genebra, em meados de maio.
De acordo com um projeto de declaração que deverá ser divulgado na segunda-feira, os líderes da ASEAN manifestaram a sua "profunda preocupação (...) com a imposição de medidas tarifárias unilaterais".
As medidas dos Estados Unidos "representam desafios complexos e multidimensionais ao crescimento económico, à estabilidade e à integração da ASEAN", de acordo com o projeto de declaração.
Nesta cimeira poderá também ser decidida a adesão plena do lusófono Timor-Leste, como admitiu recentemente o Presidente timorense, José Ramos-Horta.
Os líderes da ASEAN participam numa cimeira, marcada para a terça-feira, com a China e com países produtores de petróleo do Médio Oriente e do Conselho de Cooperação do Golfo, que incluem o Bahrein, os Emirados Árabes Unidos, o Qatar e a Arábia Saudita.
O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, participará nesta que será a primeira cimeira entre a ASEAN, a China e os países do Golfo.
As reuniões diplomáticas vão continuar a acontecer no fim de semana seguinte em Singapura, onde o Diálogo Shangri-Lá, um fórum de segurança e defesa, deverá receber o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, após um discurso de abertura na sexta-feira, em 28 de maio, do Presidente francês, Emmanuel Macron, que também participará na reunião.
A ASEAN foi criada em 1967 pela Indonésia, Singapura, Tailândia, Malásia e Filipinas, e tem como objetivo promover a cooperação entre os estados-membros para garantir a paz, a estabilidade e o desenvolvimento económico, social e cultural da região.
Integram também a ASEAN, o Brunei Darussalam, Camboja, Laos, Myanmar (antiga Birmânia) e o Vietname.
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