Rússia propõe cessar-fogo parcial de "dois a três dias" à Ucrânia

A Rússia propôs hoje à Ucrânia um cessar-fogo parcial "de dois a três dias em certos setores da frente de batalha", durante a segunda ronda de conversações em Istambul com Kyiv, anunciou o chefe da delegação russa.

Vladimir Medinsky

© Burak Kara/Getty Images

Lusa
02/06/2025 16:03 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

Após a reunião, Vladimir Medinsky indicou em conferência de imprensa que a delegação de Moscovo entregou à parte ucraniana um memorando em duas partes, que aborda a suspensão total das hostilidades.

 

"A segunda parte inclui os passos para um possível e completo cessar-fogo", disse Medinsky.

O negociador russo descreveu o plano de cessar-fogo como detalhado e inclui duas alternativas.

"O lado ucraniano vai estudá-lo e responder. Veremos", afirmou.

Além disso, a Rússia propôs também à Ucrânia um "cessar-fogo específico", de dois a três dias em determinados setores da frente, para que os comandantes possam recolher os corpos dos seus soldados" caídos em combate.

"Isto será agora discutido pelos nossos especialistas militares com os ucranianos", adicionou Medinsky, explicando que em certas zonas a situação sanitária é perigosa e existe "o risco de uma epidemia", pelo que, curtas tréguas permitiriam que estes corpos fossem rapidamente retirados.

Nesse sentido, disse que os russos entregarão unilateralmente 6.000 corpos de soldados e oficiais na sua posse, o que foi confirmado pela delegação de Kyiv no final da reunião.

"Na próxima semana, vamos entregá-los ao lado ucraniano para um enterro adequado. Não sei se têm corpos. Também os aceitaremos", afirmou Medinsky.

O negociador de Moscovo confirmou ainda que ambos os lados concordaram em trocar todos os prisioneiros de guerra até 25 anos e todos os prisioneiros feridos ou doentes.

"É um gesto humanitário da nossa parte", referiu, dando conta de que serão pelo menos mil pessoas de cada lado.

Medinsky anunciou que, durante pouco mais de uma hora de negociações, ambos os lados concordaram em criar comissões médicas permanentes que, "sem esperar por grandes decisões políticas", elaborarão listas para a troca de soldados gravemente feridos.

O chefe da delegação russa referiu também que Moscovo vai analisar uma lista de 339 crianças ucranianas deportadas que os enviados de Kyiv entregaram com vista a facilitar o regresso.

"A Rússia estudará todos os casos da lista ucraniana, sem exceção", afirmou Medinsky, referindo que "não há uma única criança roubada, há crianças que foram salvas e retiradas das zonas de combate".

Este dossiê das crianças ucranianas levou a que o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitisse em março de 2023 mandados de captura contra o Presidente russo, Vladimir Putin, e contra a comissária dos Direitos da Criança, Maria Lvova-Belova.

Na conferência de imprensa que decorreu em paralelo no fim da reunião em Istambul, o chefe da delegação ucraniana, Rustem Umerov, declarou que esta situação das crianças ucranianas é uma condição fundamental para o progresso em direção à paz.

O ministro da Defesa ucraniano afirmou ainda que propôs um novo encontro, a decorrer entre 20 e 30 de junho, ao mais alto nível, com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e os homólogos russo e norte-americano, Vladimir Putin e Donald Trump, respetivamente.

A proposta deste encontro tripartido foi igualmente avançada pelo Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, com a possível reunião a decorrer em Istambul ou em Ancara.

A ronda anterior, também realizada em Istambul em 16 de maio, já tinha levado a uma troca de mil prisioneiros de cada lado, sem resultar num cessar-fogo, após mais de três anos da invasão russa da Ucrânia.

As negociações de hoje decorreram um dia após um ataque de 'drones' ucranianos a quatro aeródromos militares russos, destruindo ou danificando numerosas aeronaves, incluindo a milhares de quilómetros da frente de batalha.

Em alguns setores da frente, porém, Kyiv enfrenta dificuldades, uma vez que as tropas de Moscovo avançaram nos últimos dias, particularmente na região de Sumy, no norte da Ucrânia.

A Rússia insiste em resolver as "causas profundas" do conflito e exige, além do controlo das províncias de Donetsk, Lugansk, no norte da Ucrânia, e de Zaporijia e Kherson, no sul, além da península da Crimeia, que Kyiv renuncie à NATO e aos seus planos de militarização.

Estas condições são inaceitáveis para a Ucrânia, que pretende a retirada total das tropas russas do seu território, bem como garantias de segurança, apoiadas pelo Ocidente, como a proteção da NATO ou a presença de tropas ocidentais no terreno, que Moscovo descarta.

[Notícia atualizada às 17h53]

Leia Também: Kyiv e Moscovo acordam troca de todos os prisioneiros entre 18 e 25 anos

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