O diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, referiu numa entrevista à agência Associated Press (AP) em Damasco, onde se encontrou com o Presidente Ahmad al-Sharaa e outras autoridades, que o novo responsável também manifestou interesse em procurar energia nuclear para a Síria no futuro.
O objetivo da agência é "trazer total clareza sobre certas atividades que ocorreram no passado e que, a seu ver, estavam provavelmente relacionadas com armas nucleares", apontou Grossi.
Uma equipa da AIEA visitou alguns locais de interesse em 2024, enquanto o ex-presidente Bashar al-Assad ainda estava no poder.
Desde a queda de Assad, em dezembro, a AIEA procura restaurar o acesso aos locais associados ao programa nuclear da Síria.
Grossi descreveu o novo governo como "comprometido em abrir-se ao mundo para a cooperação internacional" e disse estar esperançado em concluir o processo de inspeção dentro de alguns meses.
Após quase 14 anos de guerra na Síria, grupos armados liderados pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS) - anteriormente afiliada ao grupo terrorista Al-Qaida - tomaram Damasco em 08 de dezembro e depuseram o Presidente Bashar al-Assad, que fugiu para a Rússia.
Desde 2011, a UE e os seus Estados-membros - os principais doadores de ajuda a nível mundial - mobilizaram cerca de 37 mil milhões de euros em ajuda humanitária, ao desenvolvimento, à economia e à estabilização da crise síria.
Estima-se que os anos de conflito na Síria tenham levado à deslocação de cerca de metade da população, tanto dentro como fora do país, e que o número de pessoas que necessitam de assistência humanitária tenha chegado aos 16,7 milhões de pessoas em 2024, um máximo histórico desde o início da crise em 2011.
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