UE e Reino Unido devem "trabalhar em conjunto" contra ameaças híbridas

A eurodeputada socialista Ana Catarina Mendes defendeu hoje em Londres que a União Europeia (UE) e o Reino Unido devem cooperar para se protegerem das ameaças híbridas de países autoritários como a Rússia e a China.

ana catarina mendes

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Lusa
06/06/2025 14:23 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Ana Catarina Mendes

A eurodeputada socialista integrou uma delegação de membros da Comissão especial sobre o Escudo Europeu da Democracia (EUDS) numa visita à capital britânica durante dois dias, entre durante quinta-feira e hoje, para se informar sobre a experiência do Reino Unido no combate à interferência estrangeira.

 

Lembrando o pacto de segurança e defesa alcançado entre Londres e Bruxelas em maio, na primeira cimeira UE-Reino Unido pós-Brexit, salientou que não devem estão em causa apenas atividades militares, mas a defesa da democracia "perante os ataques de que estamos a ser alvo". 

"São ataques russos, são ataques chineses, são ataques que vêm de outros países. Eu diria, e costumo dizer isto nos últimos tempos: estamos perante uma guerra cultural dos democratas contra os não democratas", afirmou à Agência Lusa, durante um encontro com jornalistas. 

Ameaças híbridas, em particular da Rússia, dispararam na Europa após a invasão da Ucrânia e tanto a UE como serviços secretos nacionais alertaram para um aumento dos ataques destinados a desestabilizar as democracias europeias, sejam eleições nacionais ou infraestruturas.

Segundo especialistas, a guerra híbrida da Rússia vai muito além da espionagem e inclui sabotagem, ciberataques, desinformação e outros atos para criar alarme, confusão e medo.

Nos últimos meses, vários países da Europa registaram danos em infraestruturas, incluindo cabos de dados submarinos no Mar Báltico, bem como ataques incendiários, que investigadores suspeitam terem sido organizados pela Rússia.

Ana Catarina Mendes, que é relatora sombra da EUDS, afirma que os ataques híbridos e interferências eleitorais são muitos e variados. 

"Nós estamos a viver uma guerra com um inimigo que é invisível, porque ele está escondido nas redes sociais, onde a transparência não é nenhuma quanto ao financiamento destes movimentos, que não são partidos, mas que depois financiam partidos", exemplificou.

Apesar de ter uma "democracia sólida e robusta", Portugal também está ameaçado, admitiu, referindo o crescimento da extrema-direita e do populismo. 

"Eu acho que neste momento Portugal tem que estar atento também e temos que continuar a trabalhar para continuarmos a ter mais solidez da nossa democracia. Mas preocupa-me bastante", afirmou à Lusa. 

A EUDS tem como missão propor soluções práticas para reforçar a capacidade de resistência da UE às ameaças híbridas, devendo apresentar uma primeira versão do relatório no início de setembro para ser discutido e aprovado até ao fim de 2025 ou início de 2026.

No mesmo mês, a Comissão Europeia deverá apresentar uma estratégia devido ao aumento e maior sofisticação das ameaças à segurança por parte de "atores estrangeiros malignos".

A presidente do EUDS e chefe da delegação, Nathalie Loiseau, identificou a "aliança de regimes autoritários" formada pela Rússia, China, Irão e Coreia do Norte.

"Perante esta aliança, há todas as razões para trabalhar em conjunto entre a UE e o Reino Unido. Compreendemos que os desafios são semelhantes. Consideramos que o isolamento não é uma opção", salientou.

Mas Loiseau reconheceu que certas intervenções da atual administração dos Estados Unidos em processos eleitorais europeus também podem ser consideradas interferências ilegítimas. 

"Não queremos discutir com os EUA, eles são o nosso melhor e mais forte aliado. Mas eles têm de perceber que, tal como nós não interferimos no que se passa no país deles (...), o mínimo que uma administração norte-americana pode fazer é deixar-nos em paz e meter-se na sua vida", vincou.

Leia Também: PS? Ana Catarina Mendes fala de mau resultado e pede "reflexão profunda"

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