Foram várias as vezes em que os vimos sentados lado a lado em combates de MMA, contudo, Donald Trump e Elon Musk parecem ter passado para o ringue, numa luta que os coloca como principais adversários e que reflete o fim da amizade entre o presidente dos Estados Unidos e o empresário. O que aconteceu?
A tensão entre ambos começou no início da semana e parece ter 'explodido' na quinta-feira, apenas uma semana depois de Musk sair do governo e prometer continuar "amigo e conselheiro" de Trump, que descreveu o dono da Tesla, da Space X e do X como um dos "maiores líderes empresariais" que o mundo já produziu.
O 'rompimento' surgiu depois de Musk atacar a Casa Branca, classificando o projeto de orçamento dos Estados Unidos apoiado por Donald Trump como uma "abominação repugnante". Apesar da rutura, a Casa Branca começou por minimizar as declarações do empresário com a porta-voz Karoline Leavitt a afirmar que "o presidente já sabia o que Elon Musk pensava" e que "o projeto é excelente".
Contudo, o presidente dos EUA decidiu abordar o tema e o 'verniz estalou'. Trump disse que estava "muito desapontado" com Musk e sugeriu que este sente falta de estar na Casa Branca e que sofre da "síndrome de desarranjo Trump", ironizou.
"Ingratidão" e "ficheiros do Epstein"?
"Elon e eu tivemos uma grande relação. Não sei se a voltaremos a ter", disse, afirmando ainda que ajudou muito Musk e minimizou os esforços deste para o eleger no ano passado, que incluíram contribuições no total de 250 milhões de dólares.
Aquele que é o homem mais rico do mundo decidiu responder e, através das redes sociais, acabou por acusar o chefe de Estado norte-americano de "ingratidão". "Sem mim, Trump tinha perdido as eleições (...) Que ingratidão", escreveu Musk na rede X.
Ao mesmo tempo, o chefe de Estado norte-americano ameaçava anular os contratos e subsídios governamentais com a Tesla e SpaceX.
"A maneira mais fácil de poupar biliões e biliões de dólares no nosso orçamento seria cancelar os subsídios e os contratos governamentais" do patrão da SpaceX e da Tesla, escreveu Trump na sua rede social, a Truth Social.
Noutra publicação, um minuto antes, Trump afirmou que ia acabar com o acordo que "forçava toda a gente a comprar carros elétricos que ninguém queria", acrescentando que Musk já sabia desta intenção "há meses" e que o empresário simplesmente tinha "enlouquecido".
Mas a polémica viria a adensar-se, com o empresário a "largar a bomba da verdade" - acusou o presidente dos Estados Unidos de ser um dos nomes que fazem parte dos ficheiros Epstein, magnata que foi acusado de tráfico sexual de menores, entre outros crimes. Alguns documentos relacionados com este caso, note-se, já foram revelados, dando detalhes sobre a rede e envolvendo outras personalidades, como o príncipe André ou David Copperfield, entre muitos outros
"É altura de largar a verdadeira bomba. Donald Trump está nos ficheiros do Epstein. Essa é a verdadeira razão pela qual eles não foram tornados públicos", escreveu Musk no X. Na mesma publicação, Musk apontou ainda que "a verdade será conhecida".
Já depois disto, Steve Bannon, antigo conselheiro da Casa Branca e aliado de Donald Trump, pronunciou-se para dizer que aconselhou o presidente dos Estados Unidos a cancelar os contratos com Musk e também a abrir investigações a seu respeito. Defendeu, ainda, que o magnata deveria ser deportado "imediatamente."
"Deveriam iniciar uma investigação formal sobre o seu estatuto de imigrante, porque estou firmemente convencido de que se trata de um estrangeiro ilegal e que deve ser imediatamente deportado do país", defendeu Bannon ao jornal The New York Times.
De acordo com a publicação, Bannon, que tem vindo a criticar Musk ao longo dos últimos meses, referiu ainda que e administração Trump deveria também investigar o alegado consumo de drogas por parte de Musk.
Recorde-se que o proprietário da Tesla e do X despediu-se do seu cargo de funcionário temporário da administração Trump na sexta-feira, numa cerimónia na Sala Oval em que se elogiaram mutuamente.
A imprensa internacional aponta várias causas que podem ter levado a que a relação se deteriorasse, nomeadamente o facto de Trump ter retirado a nomeação de Jared Isaacman, amigo de Elon Musk, para liderar a NASA.
Também a imposição de tarifas na Europa e à China não terá agradado a Musk, dada a exportação dos carros Tesla para continente europeu e para o país asiático, liderado por Xi Jinping, com quem Musk tem uma boa relação.
Já dentro do Governo, Musk não se daria bem com alguns governantes, especificamente com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, com quem terá tido discussões em relação, por exemplo, ao Médio Oriente.
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