"Hoje, damos prioridade à restauração da confiança pública em detrimento de qualquer agenda pró ou antivacinas", destacou em comunicado Kennedy, responsável pela saúde no Governo do republicano Donald Trump.
"O público deve saber que as recomendações das nossas agências de saúde são baseadas numa ciência imparcial, avaliada através de um processo transparente e isento de conflitos de interesses", acrescentou.
Médicos e grupos de saúde pública de renome criticaram a decisão de remover todos os 17 membros do Comité Consultivo sobre Práticas de Imunização (ACIP, na sigla em inglês), que aconselha os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) sobre como utilizar as vacinas, noticiou a agência Associated Press (AP).
Kennedy, que foi um dos principais ativistas antivacinas dos Estados Unidos antes de se tornar a principal autoridade de saúde do país, não revelou quem irá nomear para o comité, mas afirmou que este se reunirá dentro de apenas duas semanas em Atlanta.
Embora normalmente não seja visto como um conselho partidário, o Governo liderado pelo democrata Joe Biden instalou todo o comité.
"Sem remover os atuais membros, a atual administração Trump não teria sido capaz de nomear a maioria dos novos membros até 2028", detalhou ainda Kennedy, num artigo de opinião no Wall Street Journal.
Kennedy disse que os membros do comité tinham muitos conflitos de interesses. Atualmente, os membros do comité são obrigados a declarar quaisquer potenciais conflitos, bem como interesses comerciais, que surjam durante o seu mandato.
Tom Frieden, presidente e CEO da organização Resolve to Save Lives e antigo diretor dos CDC, afirmou que as ações de Kennedy se basearam em falsas alegações de conflito de interesses e configuraram "uma ação perigosa e sem precedentes que torna as famílias norte-americanas menos seguras", ao reduzir potencialmente o acesso à vacina a milhões de pessoas.
Já Georges Benjamin, diretor executivo da Associação Americana de Saúde Pública, considerou a demissão em massa de Kennedy "um golpe".
"Não é assim que as democracias funcionam. Não é bom para a saúde da nação", frisou Benjamin à AP.
O presidente da Associação Médica Americana, Bruce A. Scott, alertou, por sua vez, que o comité é uma fonte fiável de aconselhamento científico baseado em dados e disse que a medida de Kennedy, juntamente com a queda das taxas de vacinação em todo o país, ajudará a impulsionar um aumento das doenças preveníveis por vacinas.
O senador republicano Bill Cassidy, do Louisiana, médico que manifestou reservas quanto à nomeação de Kennedy, mas que mesmo assim votou a sua nomeação para secretário da Saúde do país, disse ter conversado com Kennedy momentos após o anúncio.
"É claro que agora o receio é que o ACIP esteja cheio de pessoas que não sabem nada sobre vacinas, exceto suspeitas", sublinhou Cassidy numa publicação nas redes sociais.
"Acabei de falar com o secretário Kennedy e vou continuar a falar com ele para garantir que isso não acontece", acrescentou.
O comité estava em constante mudança desde que Kennedy assumiu o cargo e a sua primeira reunião deste ano, em fevereiro, foi adiada abruptamente pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA.
Kennedy tomou recentemente a medida invulgar de alterar as recomendações sobre a covid-19 sem primeiro consultar os conselheiros.
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