O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, participa esta terça-feira no último dia da cimeira do G20, que se realiza no Rio de Janeiro, no Brasil.
No primeiro dia, as discussões dos chefes de Estado e de Governo estiveram centradas na inclusão social e na reforma das instituições de governação global. Hoje, o grupo vai debater temas como o desenvolvimento sustentável e a transição energética.
O arranque da cimeira do G20 do Rio de Janeiro ficou marcada pelo lançamento da Aliança contra a Fome e Pobreza, pelo presidente Lula da Silva. Portugal aderiu à mesma como fundador e anunciou um "contributo inicial" de cerca de 300 mil dólares, qualquer coisa como 284 mil euros anuais até 2030, o que corresponde a 10% das despesas administrativas de funcionamento da iniciativa.
Para Luís Montenegro, o lançamento desta Aliança, "representa um sinal de inconformismo e da vitalidade do multilateralismo, bem como do valor do diálogo e da cooperação internacional para enfrentar desafios comuns e de natureza global".
"Contem connosco para contribuir para um mundo mais solidário, justo e próspero, que não 'deixa ninguém para trás'", acrescentou sobre o tema.
Além desse anúncio, Luís Montenegro aproveitou anda para divulgar a realização de uma cimeira luso-brasileira em fevereiro do próximo ano, no Brasil, e uma nova visita a este país, em data a acertar.
Para o Chefe de Governo português esta cimeira é mais um exemplo que a interação entre Portugal e Brasil "está mais viva que nunca" e que, para além das ligações culturais, históricas e das parcerias económicas, a ligação entre os dois países tem uma dimensão humana "verdadeiramente notável".
Montenegro preocupado com falta de "mecanismo" para a paz
À margem da cimeira do G20, cujos trabalhos Portugal integra pela primeira vez, como observador, a convite da presidência brasileira, Luís Montenegro recusou comentar a autorização dada por Washington à Ucrânia para utilizar armas norte-americanas de longo alcance contra a Rússia. Montenegro disse apenas que está preocupado com a falta de um "mecanismo diplomático" para a paz.
No entanto, sobre o conflito, o primeiro-ministro português aproveitou para voltar a condenar "veemente a guerra ilegal de agressão da Rússia contra a Ucrânia".
"Portugal defende uma ordem internacional fundada no respeito integral pelo Direito Internacional. Tal inclui a abstenção do uso da força e o respeito pela soberania e a integridade territorial dos Estados", referiu.
Montenegro defendeu igualmente como essencial "garantir o respeito pelo Direito Internacional Humanitário", considerando "urgente alcançar um cessar-fogo imediato em Gaza e no Líbano, de forma a garantir a proteção dos civis e proporcionar espaço à diplomacia no sentido da paz".
Portugal (e G20) não tem "condições" para taxar super-ricos
Já sobre a hipótese de uma taxa global sobre os super-ricos, o primeiro-ministro luso admitiu que, nem o nosso país nem o G20, estão "ainda em condições de assumir uma decisão" sobre essa matéria.
"É uma questão que está, como estava, em cima da mesa, que nós encaramos do ponto de vista conceptual com abertura, mas naturalmente não estamos ainda em condições – nem nós nem os nossos parceiros nesta cimeira, creio eu – para assumir uma decisão", considerou.
Montenegro encontra-se com comunidade portuguesa
No final dos trabalhos de hoje, está prevista uma conferência de imprensa de Luís Montenegro, após a sessão de encerramento da cimeira e da passagem de testemunho do Brasil à África do Sul, país que assumirá a presidência do fórum das vinte maiores economias do mundo a partir de dezembro.
Antes de regressar a Portugal, o primeiro-ministro irá ainda visitar o Real Gabinete Português de Leitura, ponto habitual das visitas dos chefes de governo e de Estado portugueses e encontrar-se com a comunidade portuguesa, no Consulado-geral de Portugal no Rio, no Palácio de São Clemente.
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