"Violenta". O que se sabe da luso-francesa que deixou filha morrer à fome

Sandrine Pissara, de 54 anos, está a ser julgada no Tribunal de Hérault, em Montpellier, no sul de França. Se for considerada culpada, pode ser condenada a prisão perpétua.

Notícia

© iStock

Natacha Nunes Costa
21/01/2025 13:33 ‧ ontem por Natacha Nunes Costa

País

Homicídio

Passaram-se quase cinco anos, mas a morte de Amandine, uma menina de 13 anos que morreu à fome em 2020, continua a chocar França e o mundo, principalmente por ter acontecido às mãos da mãe e do padrasto, que respondem agora na Justiça por tortura.

 

Na segunda-feira, 20 de janeiro, começou o julgamento e a primeira sessão ficou marcada pela ausência de culpa e de emoção da mãe da adolescente, Sandrine Pissara, uma luso-francesa de 54 anos que, se for dada como culpada, pode ser condenada a pena de prisão perpétua.

De acordo com o Le Figaro, as palavras de Sandrine sobre a filha, que morreu no verão de 2020, foram "duras e frias". Para ela, Amandine era "a representação diabólica do pai", por quem a arguida vivia obcecada.

Sandrine garantiu que não sabia porque é que a filha não comia. "Não tem explicação. Durante o confinamento [pandemia da Covid-19] ficou ainda mais complicada. Ela não era privada de comida. Ninguém fez isso com ela", atirou, perante o choque de quem assistia ao julgamento, que decorre no Tribunal de Justiça de Montpellier.

Garantindo que "amava" a filha, apesar de várias testemunhas terem dito que sempre a maltratou, a luso-francesa admitiu apenas que "não soube ver, não soube reagir" perante o agravamento do estado da jovem, apesar desta ter morrido com apenas 28 quilos e com indícios de tortura.

"Violenta" e "manipuladora"

Muito se tem falado de Sandrine Pissara, mas muitos pormenores eram, até ontem, desconhecidos. Sabe-se agora que a mulher, acusada de torturar e deixar a filha morrer à fome, em 2020, tem raízes portuguesas.

Sandrine é luso-francesa e tem 54 anos. Tem oito filhos de três relacionamentos diferentes. Já trabalhou como empregada de mesa e manicure.

É descrita pelos ex-companheiros, segundo o Femme Actuelle, como sendo uma mulher "violenta, manipuladora, esbanjadora e mentirosa". E, de acordo com o Le Figaro, fazia a vida de Amandine num inferno desde que esta tinha dois anos e meio, "devido à sua grande semelhança com o pai".

A certa altura, o homem até tinha a custódia da criança, mas perdeu-a depois de Sandrine o acusar de violência doméstica. A partir daí, Amandine foi forçada a viver com a mãe, que lhe impôs desde logo violentos castigos e a privou de comida durante vários dias. Para comer, a menina roubava o lanche dos colegas da escola ou do lixo.

A perícia psicológica e psiquiátrica feita à arguida revelou, segundo o mesmo jornal, que Sandrine tratou a filha, durante anos, como um "objeto" que devia ser "reduzido, subjugado ou mesmo aniquilado", uma vez que era o espelho da sua "frustração". Mesmo depois da morte desta, acusou-a de ser "ladra" e "caprichosa".

Sandrine Pissara também está acusada de violência doméstica por parte de vários dos seus outros filhos. A luso-francesa, detida desde maio de 2021, é defendida pelo advogado Jean-Marc Darrigade.

O veredicto do Tribunal de Justiça de Hérault deverá ser proferido na sexta-feira, 24 de janeiro.

Recorde-se que, segundo o Le Figaro, Amandine, de 13 anos, morreu após uma "provação sem fim". Media 1.55 metros e pesava apenas 28 quilos. Estava desfigurada, tinha vários hematomas, tinha falta de dentes e pouco cabelo. Os seus restos mortais, "extremamente magros", estavam cobertos de "intoleráveis" lesões e escaras.

Leia Também: Mãe julgada por deixar filha morrer à fome. Tinha 13 anos e 28 kg

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas