Álvaro Sobrinho é um dos acionistas do fundo que controlava DN, JN e TSF

O banqueiro angolano, acusado de ter roubado milhões de euros ao Banco Espírito Santo Angola, é um dos rostos por trás do World Opportunity Fund.

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© Álvaro Isidoro / Global Imagens

Cátia Carmo
30/01/2025 22:24 ‧ há 3 horas por Cátia Carmo

País

Global Media Group

O ex-banqueiro angolano Álvaro Sobrinho, acusado de ter roubado milhões de euros ao Banco Espírito Santo Angola (BESA), é um dos acionistas por trás do World Opportunity Fund (WOF), o misterioso fundo que comprou a Global Media Group (GMG) em 2023, altura em que a empresa era detentora do Diário da Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN) e TSF, avança o Expresso e a SIC Notícias.

 

De acordo com a investigação conjunta do semanário e do canal de televisão do grupo Impresa, José Paulo Fafe, o representante do WOF que foi apontado, nesse ano, para presidente executivo da GMG, não referiu o nome de Álvaro Sobrinho quando foi ouvido sobre o assunto no Parlamento, há um ano, devido aos casos em que o angolano está envolvido e possível risco de algumas das verbas a ele associadas serem arrestadas.

Álvaro Sobrinho, numa entrevista ao Expresso e à SIC há duas semanas, admitiu que é um dos acionistas do WOF, que é administrado pela Union Capital Group (UCAP), uma companhia de gestão de fortunas na Suíça, e está registado desde 2016 nas Bahamas.

Recorde-se que angolano poderá ser notificado pela justiça portuguesa para ser julgado no processo do BESA, em que é acusado de 23 crimes de abuso de confiança e branqueamento de capitais, bem como de ter desviado 400 milhões da sucursal angolana do Banco Espírito Santo (BES).

O fundo de investimento entrou na GMG a 25 de julho de 2023, adquirindo à Palavras de Prestígio, por um contrato de divisão e cessão de quotas, uma quota representativa de 38% do capital social da Páginas Civilizadas, que detinha diretamente 41,510% da GMG.

No início de 2024, já depois de os trabalhadores do grupo terem feito uma greve e vários protestos, o fundo WOF informa a sua indisponibilidade em transferir dinheiro para pagar os salários em atraso até uma decisão da ERC e de um do procedimento cautelar. Enquanto a presidente da ERC, Helena Sousa, afirma que a questão do pagamento de vencimentos "não tem absolutamente nada a ver" com o regulador.

Poucas semanas depois, a ERC veio dizer que estava a fazer o que a lei permite no caso Global Media e que se persistirem falhas de informação no procedimento aberto pode inibir o fundo WOF dos direitos de acionista. No final desse mês de janeiro, o então presidente da Comissão Executiva da Global Media, José Paulo Fafe, apresentava a demissão por considerar "estarem esgotadas" as condições para exercer as suas funções.

Em julho de 2024, o negócio da venda do JN, TSF e outros títulos da GMG à Notícias Ilimitadas (NI) ficaria fechado, tendo também nessa data ficado concluída a compra da posição que o WOF tinha na Páginas Civilizadas.

Além do JN e TSF, o negócio envolveu a compra pela NI do Jornal de Notícias História, os sites NTV e Delas, Notícias Magazine, O Jogo, Volta ao Mundo e Evasões.

A 5 de junho, a Autoridade da Concorrência (AdC) considerou que a compra de títulos da Global Media Group pela Notícias Ilimitadas não constituía uma operação de concentração.

A Notícias Ilimitadas é detida pela Verbos Imaculados, que se dedica à produção, edição, venda e distribuição de jornais e revistas a outros meios de comunicação social.

A Verbos Imaculados, que é a empresa-mãe, tem como acionistas a Ilíria, do empresário Alexandre Bobone, que passou a deter 35% depois de a OTI Investimentos, controlada pela família do empresário Diogo Freitas, ter desinvestido nos media e vendido a sua participação de 25%. A Parsoc tem 30%, Domingos Andrade 20% e a Mesosystem 15%.

A empresa-mãe detém 70% da Notícias Ilimitadas, sendo que dentro desta participação 9% é de uma cooperativa de jornalistas. A GMG fica com 30% da NI.

Leia Também: Álvaro Sobrinho diz que virá a Portugal se for notificado: "Nunca faltei"

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