"A história mostrou-nos que a força do povo unido pode travar os ataques ao Serviço Nacional de Saúde (SNS). Foi assim no passado, quando tentaram transferir a gestão para a Misericórdia, e será assim agora, se agirmos juntos. A nossa mobilização é determinante para garantir que a saúde continua a ser um direito de todos, e não um privilégio para quem pode pagar", defende o movimento de utentes.
Segundo os utentes, a entrega do hospital à Misericórdia "não resolve os problemas do SNS. Pelo contrário, fragiliza ainda mais os serviços públicos, empurra profissionais para o setor privado e coloca em risco o acesso universal à saúde" pelo que consideram ser este "o momento de agir".
"Este é o momento de lutar. Este é o momento de defender o que é nosso" e de "mostrar, juntos, que não aceitamos que o nosso hospital seja entregue a interesses privados, mesmo sob o disfarce do 'setor social'", sublinham.
O anúncio da decisão do Governo de transferência da gestão do Hospital para a Santa Casa da Misericórdia é "uma medida que põe em risco o futuro do SNS no concelho, fragilizando ainda mais um serviço já penalizado por anos de desinvestimento, falta de valorização dos seus profissionais e transferência crescente de recursos públicos para o setor privado", refere, em comunicado, o porta-voz do movimento, Rodrigo Azevedo.
"Esta decisão não é inevitável. O futuro do nosso hospital depende da força de todos nós. Por isso, convidamos cada cidadão, trabalhador, utente, defensor do SNS, a juntar-se à Tribuna Pública, no sábado, às 15:00. (...) Esta decisão, levada a cabo à revelia dos trabalhadores, utentes e de toda a população, é mais do que uma afronta: é uma tentativa de desmantelamento de um bem que pertence a todos", apela o movimento de utentes.
Além da manutenção da gestão pública do Hospital Conde de São Bento, o protesto visa também uma reflexão sobre o processo de construção de um edifício hospitalar de raiz em Santo Tirso, que garanta "um atendimento adequado à nossa população e condições para os profissionais de saúde desempenharem o seu trabalho com dignidade".
A passagem do Hospital Conde de São Bento para a misericórdia local será em 31 de março, revelou na terça-feira o PCP, que se baseia numa comunicação interna do conselho de administração daquela unidade de saúde.
Em comunicado, o PCP denuncia que este processo "corresponde à privatização encapotada desta unidade de saúde", implicando as "políticas de desinvestimento" de "sucessivos governos de PS e PSD/CDS" e sublinhando que a "manutenção do caráter público do hospital é inseparável de necessárias melhorias no mesmo, desde logo da construção de novas instalações".
"O processo de transferência para a Misericórdia, ambição antiga de PSD/CDS que em 2015 foi impedido de o fazer pelo PCP, beneficia do facto de, para lá das insuficiências do hospital, os terrenos onde se situa pertencerem à Misericórdia local", prossegue a nota de imprensa.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou em dezembro que a ministra da Saúde já estava a trabalhar com algumas Misericórdias, como as de São João da Madeira e de Santo Tirso, "para a transferência dos respetivos hospitais para as mãos das Misericórdias".
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