"Hoje, para mim o tema expansão da Linha Vermelha é como é que vamos levar o metro a Algés", afirmou o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), que tem o pelouro da Mobilidade, reforçando que as obras para o prolongamento entre São Sebastião e Alcântara já foram adjudicadas.
Em causa está o prolongamento da linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa entre São Sebastião e Alcântara, prevendo a construção de quatro novas estações, nomeadamente Amoreiras, Campo de Ourique, Infante Santo e Alcântara.
Em 2022, por proposta do PCP, a Assembleia Municipal de Lisboa realizou um debate temático intitulado "Por um traçado da Linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa". Em resultado desse trabalho, os deputados municipais aprovaram hoje o relatório elaborado nesse âmbito, com um conjunto de recomendações dirigidas à câmara, a maioria delas aprovada por unanimidade.
Uma das recomendações, viabilizada com os votos contra do Chega, é para que o executivo municipal insista junto do Governo para que a Câmara de Lisboa volte a estar representada no Conselho de Administração do Metropolitano.
A AML quer ainda que a câmara "pugne e intervenha junto do Governo para que o traçado da Linha Vermelha do Metro que venha a ser concretizado garanta a preservação e a valorização do património cultural e natural da cidade, procurando minimizar os impactos e garantindo a integridade do Jardim da Parada, da Tapada das Necessidades e do Baluarte do Livramento, assim como valorizar o parque arbóreo e verde com caráter estruturante da cidade".
Em resposta aos deputados municipais, o vice-presidente da câmara considerou que o tempo que a AML demorou a produzir estas recomendações deve ser merecedor de "alguma reflexão" de quem quer participar ativamente em processos que têm calendários exigentes do ponto de vista das necessidades políticas e jurídicas.
"Onde é que estava a assembleia municipal quando isto esteve a ser discutido e quando isto esteve a ser decidido?", questionou Anacoreta Correia, referindo que quando este executivo municipal tomou posse, em outubro de 2021, o Metropolitano informou que as decisões já estavam tomadas após "anos e anos de estudo".
"A nossa opção política, e assumimo-la, é que não quisemos adiar o processo da chega do metro a territórios que eram desejados na cidade e, portanto, não interferir em processos cuja maturidade da decisão tinha sido antecedida ao nosso executivo", expôs, considerando que é preciso ter "um sentido institucional mínimo sob pena das coisas não avançarem".
Anacoreta Correia criticou a discussão "à exaustão" de processos em Portugal, "às vezes, alguns durante décadas, como é o caso do aeroporto", o que faz adiar a concretização de obras, afirmando que Campo de Ourique e Alcântara "querem muito o metro, precisam muito do metro, e não é daqui a 20 anos, precisam já": "Se fosse possível, era já".
Sobre a possibilidade de alterar o traçado previsto para o prolongamento da Linha Vermelha, até considerando que a obra já não será financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) devido ao derrapar dos prazos, o vice-presidente disse que os processos quando avançam têm "implicações de milhões" de euros, questionado "a que custo" se pode agora parar tudo.
Apesar de compreender que possam existir objeções às opções decididas, sobre as quais os deputados municipais reclamam a necessidade de ter acesso aos estudos, Anacoreta Correia realçou a necessidade de "trabalhar na minimização dos impactos e na melhoria das soluções", adiantando que, relativamente à estação projetada para Campo de Ourique, o Metropolitano assegurou que "não vai pôr em causa o Jardim da Parada" e decidiu reduzir de quatro para duas as saídas nesta estação.
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