O português Lino Sousa Loureiro, de 69 anos, morreu no fim de semana, depois de intervir num ataque terrorista em Mulhouse, França, e os amigos e familiares expressam tristeza e "choque" pela sua partida, recordando-o como uma "grande pessoa".
À BFMTV, Armindo Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Mulhouse, descreveu-o como um homem extremamente bondoso.
"Estamos francamente muito tristes. Ele não merecia isto", lamentou.
Lino era um membro ativo da associação desde a sua chegada a Mulhouse, em 1992, e os dois homens conheciam-se bem. "Discutíamos frequentemente futebol juntos, tínhamos o mesmo clube", lembrou.
Já o facto de Lino ter intervindo no ataque não o surpreende. "Era uma pessoa muito boa, honesta, sincera e íntegra. Era uma pessoa que respeitava os outros e gostava de ser respeitado", frisou.
"Nunca tinha uma palavra fora do sítio. Nunca o ouvi discutir com ninguém", acrescentou, falando num "choque".
Segundo a estação francesa, um dos filhos de Lino também se manifestou nas redes sociais. "É difícil, é muito difícil. Espero que ele não tenha sofrido muito", escreveu.
Já a RTL destaca que na referida associação, todos aqueles que são clientes habituais se mostraram emocionados. Na tarde de sábado, antes de cruzar com o atacante, Lino esteve na associação, como de costume, para jogar snooker, mas o seu habitual parceiro não estava lá e o português saiu em direção ao mercado onde tudo aconteceu.
Além de gostar de jogar snooker, o emigrante, natural de Ermesinde, também gostava de servir cervejas e de apoiar o FC Porto. Era casado com uma argelina, tinha filhos, e estava reformado, após uma carreira no setor da construção civil.
Este pedreiro do Porto, casado com uma argelina, estava sempre lá para dar uma mão , jogar bilhar, servir cervejas ou apoiar o FC Porto
Recorde-se que o português foi identificado como Lino Sousa Pereira pelo socialista João Soares. O político português, que divulgou dados fornecidos pelo Grupo Cultural e Folclórico dos Portugueses de Mulhouse, divulgou ainda uma fotografia da vítima nas redes sociais.
"A imagem e o nome do português valente cuja memória devemos honrar. Chamava-se Lino Sousa Loureiro e vivia em Mulhouse a cerca de quinhentos metros do local onde foi assassinado", adiantou.
No sábado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros já tinha confirmado a morte de um cidadão português no ataque que ocorreu junto a um mercado em Mulhouse e disse tratar-se de um emigrante natural de Ermesinde, que residia em França desde 1992.
O principal suspeito do ataque, um argelino de 37 anos, foi detido pouco depois do ataque na posse da faca com a que matou o português e feriu pelo menos três agentes da polícia municipal, enquanto gritava "Allah Akbar" ("Alá é grande").
Três outras pessoas estão atualmente sob custódia policial, adiantou a Procuradoria Nacional Antiterrorista (Pnat), que está a investigar.
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