Num discurso na cerimónia de entrega do Prémio Pessoa 2024 ao compositor Luís Tinoco, na Culturgest, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa destacou que esta seria a sua última participação, enquanto chefe de Estado, nesta cerimónia, tendo em conta que, daqui a um ano, o seu sucessor já terá sido "eleito e empossado" após as presidenciais de janeiro.
Por isso, "é mais do que justo que associe a este prémio, que é um símbolo único no Portugal cultural contemporâneo, o anúncio, com a entrega em breve das respetivas insígnias, de Francisco Pinto Balsemão, com a Grã-Cruz da Ordem de Camões", frisou, numa cerimónia em que Balsemão não marcou presença.
Através desta condecoração, Marcelo Rebelo de Sousa disse querer quantos "com visão, souberam abrir caminhos, mudar mentalidades, compreender em momentos-chave o que podia e devia ser concebido a concretizado ao serviço da língua e cultura, e em particular da cultura no Portugal contemporâneo, no Portugal democrático, nascido em abril de 1974".
De acordo com a lei das ordens honoríficas portuguesas, a Ordem de Camões visa distinguir quem prestou "serviços relevantes à língua portuguesa e à sua projeção no mundo e à intensificação das relações culturais entre os povos e as comunidades que se exprimem em português" ou "serviços relevantes para a conservação dos laços das comunidades portuguesas com Portugal".
O Prémio Pessoa, fundado por Francisco Pinto Balsemão em 1987, é uma iniciativa do semanário Expresso e da Caixa Geral de Depósitos que "visa reconhecer a atividade de pessoas portuguesas com papel significativo na vida cultural e científica do país". O valor do prémio subiu este ano de 60 mil para 70 mil euros. O galardoado de 2024 foi o compositor Luís Tinoco.
No seu breve discurso na cerimónia, Marcelo Rebelo de Sousa disse ficar "muito grato" por estar na cerimónia de entrega do Prémio Pessoa 2024, "num momento em que, por todo o lado, se discute, com variáveis graus de urgência, a instabilidade, a rutura inquietante, o quebrar tradições e o rasgar de lealdades".
"Celebro, por isso, não apenas a sua continuidade de quase 40 anos, a sua inalterável exigência e relevância, mas também a sua capacidade de surpreender", destacou.
Elencando alguns dos galardoados nos últimos dez anos - que ganharam o prémio quando Marcelo Rebelo de Sousa já era Presidente da República -, o chefe de Estado destacou que personalidades como o escultor Rui Chafes, o encenador Tiago Rodrigues ou o poeta e cardeal José Tolentino "não são apenas figuras notáveis do Portugal contemporâneo", mas igualmente embaixadores do país em lugares como o Vaticano ou Avignon.
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