A ação de protesto foi convocada pelo movimento Vida Justa, que tem acompanhado às várias ações de despejo e demolição de habitações precárias, a maior parte abarracadas.
"Moradia não é um privilégio, é um direito" ou "queremos condições de habitação", são alguma das mensages que se podem ler em algumas tarjas colocadas em frente à escadaria do parlamento.
No protesto, que junta cerca de 50 pessoas e que decorre de forma pacífica, encontram-se moradores de bairros precários e ilegais dos concelhos de Lisboa, Sintra, Loures, Amadora, Almada e Seixal.
Um dos manifestantes presentes é Osvaldo Barros, que viu a sua habitação precária, situada no bairro da Penajoia, concelho de Almada (distrito de Setúbal) ser demolida em janeiro deste ano.
"Construí dois quartos e vivia lá com a minha espessa e os meus dois filhos. Um dia fui trabalhar e quando cheguei tinha a casa toda desfeita. Hoje vivemos numa instituição, mas estamos a ser pressionados para sair", contou à agência Lusa.
Osvaldo Barros sublinhou que o pouco dinheiro que recebe do seu ordenado não lhe permite encontrar uma solução habitacional.
Também Maria Fernandes, residente numa habitação precária no bairro de Santa Marta de Corroios, concelho de Almada, vive diariamente "com o coração nas mãos", devido às ameaças de demolição.
"Eu até agora não fui vítima, mas as minhas vizinhas foram. Onde eu moro despejaram quase 20 casas em outubro e novembro. A Câmara vai lá e ameaça deitar as nossas casas abaixo", contou.
Esta moradora, que reside há cerca de um ano na habitação precária com a filha de 13 anos, assegura que não tem condições de saúde para trabalhar e poder pagar uma renda de casa.
A dificuldade no acesso a uma casa foi sublinhada por Flávio Almada, do movimento Vida Justa, que defendeu a necessidade de existirem mais manifestações pelo direito à habitação.
" A situação é evidente. As pessoas trabalham e não conseguem pagar uma renda, uma casa. Tudo aumenta e o salário não. Temos de vir para a rua para ser ouvidos", apontou.
A ação desta tarde marca o arranque da Grande Marcha dos Bairros que decorrerá até 14 de abril, com uma marcha do bairro da Cova da Moura ao Zambujal, no concelho da Amadora.
O movimento Vida Justa tem pressionado as entidades locais para encontrarem alternativas, mas considera que o Governo central não pode alhear-se do problema, desde logo porque há também a questão da legalização das pessoas e do atual funcionamento dos serviços da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).
[Notícia atualizada às 17h15]
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