Mulher despejada já teve bebé e continua alojada em pensão com os filhos

A mulher cuja habitação foi demolida em Loures já teve o bebé e a autarquia garantiu hoje que vai poder continuar a ficar alojada com os filhos na pensão atribuída pela Segurança Social em Lisboa.

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Lusa
20/03/2025 17:54 ‧ ontem por Lusa

País

Loures

Em mensagens enviadas à Lusa, Ana Paula dos Santos disse já ter tido alta da Maternidade Alfredo da Costa, onde Heitor nasceu na terça-feira, e ter sido levada por uma assistente social para a pensão onde estão as suas outras três filhas, de 18, 9 e 4 anos.

 

Ana Paula, há oito anos em Portugal e auxiliar efetiva num lar de idosos, não recebeu mais nenhuma indicação da Segurança Social, nomeadamente quanto a prazos.

Em 14 de março, e na sequência da divulgação de uma petição assinada por mais de mil pessoas e 59 coletivos, a Lusa foi ouvir Ana Paula dizer que temia que lhe tirassem o filho (estava a dias do parto) por não conseguir ter acesso a uma habitação.

Nessa altura, Ana Paula contou que as assistentes sociais lhe haviam dito que, se não tivesse morada, o bebé não sairia do hospital, dando-lhe oito dias, no máximo, para conseguir uma casa.

Este receio de retirada dos filhos tem sido relatado por outras pessoas sem casa às associações no terreno e os peticionários pedem ao Estado "que acabe este modo de verdadeira perseguição às famílias, às mulheres que perdem a casa" e "um programa de apoio a famílias vulneráveis, quando sofrem um despejo ou não têm casa".

Em resposta à Lusa, enviada hoje, a autarquia de Loures recordou que o Instituto de Solidariedade e Segurança Social (ISSS) "garante o alojamento do agregado" de Ana Paula dos Santos "numa residencial em Lisboa, com dormida e pequeno-almoço" desde a demolição da sua casa autoconstruída no bairro do Talude Militar, em 24 de setembro de 2024.

"Após o nascimento do bebé e alta clínica da maternidade, o acolhimento de toda a família continuará a ser garantido pela mesma entidade e na mesma unidade hoteleira", informou, adiantando que Ana Paula apresentou candidatura a habitação municipal em 17 de janeiro, "tendo entregue a última documentação em 07 de fevereiro".

Perspetivando-se que a "candidatura conste na próxima atualização da lista de atribuição de habitação, a publicitar durante o próximo mês de abril", a autarquia ressalvou, porém, que existem, ao dia de hoje, "mais de 1.000 pedidos de habitação no regime de arrendamento apoiado".

Para hoje está marcado um protesto do movimento Vida Justa, em frente à Maternidade Alfredo da Costa, para denunciar casos como o de Ana Paula dos Santos.

Leia Também: Demolições ameaçam enviar moradores para debaixo da ponte em Loures

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