Na quarta sessão do julgamento da Operação Pretoriano, a testemunha e assistente no processo detalhou os desacatos com Vítor Bruno 'Aleixo', motivados pela sua intervenção na reunião magna, sobre o que diz terem sido "atos criminosos de funcionários do clube" através dos estabelecimentos locais do FC Porto.
Segundo o testemunho, Ramos terá sido ameaçado de morte e cuspido por 'Aleixo' por estar "a ir à carteira" a elementos da claque Super Dragões, que beneficiavam do dito regime.
"Atacou porque eu lhe estava a ir à carteira. Quando ele gritou que me ia matar, eu fiquei à espera. Não vim aqui vitimizar-me", referiu.
Na última quinta-feira, a procuradora tinha interrompido a audição de Ramos por considerar que havia a possibilidade de este ter proferido declarações "contraditórias", disse a própria, mas hoje não pediu a extração da certidão do depoimento, que prosseguiu normalmente.
O assistente explicou que fez um enquadramento da AG durante o primeiro depoimento, tendo conversado, no dia dos acontecimentos, com seguranças de serviço e até com Pinto da Costa, negando qualquer mentira ou contradição.
Por sua vez, José Pedro Pereira pediu para tomar a palavra e pediu desculpa pela ofensa à integridade física de Ramos, no que considera ter sido um "ato irrefletido e isolado", com o lesado a admitir retirar a queixa caso perca o estatuto de qualificada.
Em relação a Fernando Saul, antigo oficial de ligação aos adeptos dos 'azuis e brancos', Ramos ilibou-o de qualquer agressão, reforçando ainda que Fernando Madureira teve ação dissuasora de conflitos durante a AG.
Henrique Ramos confirmou ter sido contactado por André Villas-Boas na madrugada que seguiu a AG extraordinária, através do vice-presidente portista João Borges, em que o líder dos 'dragões' terá elogiado a sua intervenção na reunião magna, numa conversa que durou 39 minutos.
Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram em 17 de março a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, sob forte aparato policial nas imediações.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.
Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.
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