Em comunicado, a organização da manifestação em defesa do direito à habitação culpa "rendas incomportáveis, contratos abusivos e negócios feitos à porta fechada entre grupos privados e instituições que deviam proteger os cidadãos" pela situação em que se encontra mais de uma centena de famílias que residem num dos prédios que pertenciam à companhia de seguros Fidelidade no concelho de Loures, distrito de Lisboa.
Em causa estão três torres na localidade de Santo António dos Cavaleiros, que foram vendidas pela Fidelidade à imobiliária Zona Certa.
Muitos dos 124 agregados familiares que vivem nas torres -- uma de 12 andares e duas de 10 -- estão agora a ser notificados do aumento da renda, que, nalguns casos, ascende a 200 euros.
Em outubro de 2017, a Fidelidade anunciou que queria "reforçar a solidez" da empresa com a venda de 277 imóveis, localizados em várias partes do país, incluindo dos três prédios em Santo António dos Cavaleiros.
Em 2018, os moradores das três torres tornaram público o risco de despejo e realizaram várias ações para contestar o processo.
O mediatismo do caso, que chegou a motivar uma audição parlamentar, levou a que a Fidelidade aceitasse renovar os contratos destes moradores, colocando os edifícios em regime de arrendamento acessível.
Porém, no final do ano passado, a seguradora acabou mesmo por vender os imóveis à imobiliária Zona Certa -- que a Lusa tentou contactar, mas sem sucesso.
À Lusa, a comissão de moradores adiantou que também não recebeu qualquer indicação da imobiliária, à qual endereçou hoje um "pedido de diálogo".
A situação nas "Torres Fidelidade", como são conhecidas, "não é um caso isolado", mas sim "o retrato de um país onde a habitação se tornou um negócio e quem vive nela uma variável descartável", denunciam os organizadores do protesto de domingo (o segundo, após um primeiro em março).
"Esta manifestação não é apenas um grito de revolta, é um ato de resistência", situam.
Com concentração marcada às 15:30, junto aos CTT de Santo António dos Cavaleiros, a manifestação desfilará pelas ruas do bairro até às torres, "símbolo da especulação imobiliária, do abandono político e da crise habitacional que se agrava a cada dia".
Leia Também: "Violação não tem perdão". Centenas protestam em frente ao Parlamento