"Os sapadores florestais do Município de Coimbra estão aqui hoje em greve, simbolicamente na véspera do dia 25 de Abril, dia da liberdade, dia da expressão, para manifestar a sua indignação face a este município", indicou o presidente do Sindicato Independente dos Trabalhadores da Floresta, Ambiente e Proteção Civil.
De acordo com Alexandre Carvalho, no Município de Coimbra foi detetada "uma situação de desrespeito e de mentira, face aos trabalhadores e à população em geral".
"Em novembro de 2024 tivemos uma primeira reunião com o presidente da Câmara, que nos disse que os sapadores florestais estavam elegíveis para a integração na carreira com o seu decreto-lei 86/2019, 02 de julho, que é a carreira profissional de sapador bombeiro florestal", informou.
No entanto, numa segunda reunião, já em janeiro, "essa carreira já era ilegal", tendo então sido "prometido a estes trabalhadores o suplemento de penosidade e insalubridade, uma vez que estão no Departamento de Ambiente".
"Já não havia sapadores florestais, mas a gente vai aos quadros e estão lá no mapa de pessoal dez postos de trabalho. E detetámos que nunca foi dito aos trabalhadores que esse suplemento lhes seria atribuído", acrescentou.
Segundo o dirigente sindical, no Município de Montemor-o-Velho, no distrito de Coimbra, os sapadores florestais estão integrados na carreira, o mesmo acontecendo em outras autarquias do país.
"Portanto, se uns têm, os outros têm de ter. o Sindicato vai avançar para tribunal contra este município, pelo incumprimento da lei", evidenciou.
Atualmente, a Câmara de Coimbra tem ao serviço oito sapadores florestais, tendo todos eles aderido à greve de hoje.
José Conceição, de 55 anos, é o que conta mais anos de serviço, recordando que foi contratado há quase 13 anos para as funções de sapador florestal, para as quais recebeu formação.
"Somos sapadores florestais só de imagem, porque na verdade veem-nos como cantoneiros. Somos sapadores florestais nas funções, mas para todos os efeitos não somos e é por isso que só ganhamos o ordenado mínimo", lamentou.
Já Diogo Ludovina, de 31 anos, foi o último a entrar para as funções de sapador florestal há cerca de quatro anos, queixando-se de nem sempre exercer essas funções.
"Somos pedidos para ir fazer cemitério, andamos muitas vezes em sítios com agulhas de pessoas toxicodependentes, o que não é a nossa função. Decidi fazer greve para lutarmos tanto por material para a nossa profissão, como para a nossa carreira de bombeiro sapador florestal", referiu.
Na última reunião do executivo municipal de Coimbra, que decorreu na terça-feira, o vereador do PS, Hernâni Caniço, aludiu à época de fogos que se aproxima e ao incumprimento da limpeza de terrenos.
"Aproximando-se a época dos fogos, vai o executivo acionar os sapadores florestais e dar-lhes condições de trabalho, ou vai mesmo fazer ajustes diretos para limpeza da floresta, que custarão milhares de euros aos cidadãos, tendo trabalhadores especializados no Município?", questionou.
Em resposta, o vereador com o pelouro da Proteção Civil, Carlos Lopes, acusou o vereador da oposição de revelar desconhecimento sobre a atividade dos sapadores, tendo-o aconselhado a ler relatórios e barómetros do município, "com dados fidedignos".
Carlos Lopes afirmou que os sapadores florestais limparam 17.500 metros quadrados e refutou as insinuações sobre os ajustes diretos, esclarecendo que "são concursos públicos".
A Hernâni Caniço disse ainda que gostava de o ter ouvido falar sobre a carreira dos bombeiros sapadores florestais que não existe, mas que estão "a tentar resolver", indicando ainda que os serviços jurídicos estão a aferir se há enquadramento para o subsídio de penosidade e insalubridade.
Leia Também: Eletricidade na zona de empresa que ardeu em Sto Tirso está a ser reposta