Segundo fonte da paróquia desse município do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto, as 45 pessoas em causa deram hoje entrada na fronteira portuguesa de Vilar Formoso por volta das 21:00, devem chegar a Oliveira de Azeméis antes da meia-noite e "estão todas bem e com boa disposição" -- mesmo que o apoio por parte da Embaixada de Portugal em Itália tenha sido "zero".
A afirmação é de Hélder Ramos, porta-voz do grupo que se organizou em Azeméis para, à distância, assegurar o regresso das 45 pessoas que, após a participação em Itália no encontro católico designado "Jubileu dos Adolescentes", não tiveram acesso ao voo de retorno previamente adquirido à companhia Wizz Air.
"É mentira o que andaram a dizer, de que estava tudo resolvido. A Wizz Air só nos arranjava voos de regresso a 6 de maio e não pagava estadia a ninguém até lá, e, quanto a apoio do consulado português, foi zero! Só nos ligaram hoje à tarde a perguntar se já tínhamos arranjado forma de regressar, para saber se podiam fechar o processo, e claro que eu não fui muito simpático e lhes disse o que tinha a dizer", revela Hélder Ramos.
Na prática, o que a estrutura paroquial conseguiu foi repartir o grupo de viajantes -- maioritariamente constituído por jovens dos 13 aos 15 anos -- por dois voos, sendo que o primeiro saiu do aeroporto de Roma para o de Barajas às 10:30 e o segundo lhe sucedeu, no mesmo trajeto, a partir das 13:30.
Depois, uma vez reunidos em Madrid, todos fizeram o resto do caminho num único autocarro, contratado a uma companhia espanhola a expensas da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis.
"Nenhuma companhia portuguesa quis fazer o serviço. Disseram-nos que não conseguiam arranjar motoristas por amanhã [quinta-feira] ser feriado e foi um empresário espanhol que nos encontrou uma solução, sensibilizado por estarem em causa tantas crianças e ele também ter filhos que não gostava de ver nesta situação", conta Hélder Ramos.
A situação destas 45 pessoas de Oliveira de Azeméis -- à semelhança de outro grupo de 14 jovens e adultos de Santo Tirso, também de visita a Roma para o Jubileu dos Adolescentes -- foi provocada pelo corte geral de abastecimento elétrico que segunda-feira, a partir das 11:30, afetou toda a Península Ibérica, assim como partes de França -- sem que a causa da interrupção tenha ainda sido devidamente explicada pelas autoridades.
Indústria e comércio parados, postos de combustível inoperacionais, telecomunicações interrompidas, aeroportos fechados, cortes no abastecimento público de água, esgotamento do stock de bens essenciais como água e pilhas, congestionamentos nos transportes públicos e dificuldades no trânsito devido ao excesso de tráfego e à falha de semáforos foram algumas das consequências do apagão.
Para os 6,5 milhões de consumidores de eletricidade em Portugal, a reposição integral do fornecimento só ficou concluída e estabilizada terça-feira de manhã, por volta das 07:00, após um restabelecimento por etapas para atender ao que a REN -- Redes Energéticas Nacionais definiu como um "evento absolutamente excecional".
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