O primeiro-ministro, Luís Montenegro, reagiu, esta quinta-feira, a uma notícia que dá conta que cinco dos sete clientes da Spinumviva, que constam de uma nova declaração de interesses à Entidade para a Transparência, lucraram com contratos com o Estado durante o seu Governo.
"Os contratos que essas empresas têm com o Estado não dependem de mim, nunca dependeram de mim", afirmou, em declarações aos jornalistas, à margem das celebrações do 25 de Abril e 1.º de Maio, no Palácio de São Bento, em Lisboa.
Em causa está uma notícia avançada esta quinta-feira pelo Correio da Manhã, que revelou que clientes da empresa familiar de Montenegro "têm uma longa relação com o Estado português e faturaram mais de 100 milhões" desde a vitória da Aliança Democrática (AD) nas Legislativas de 2024.
Questionado sobre o 'timing' de uma solicitação da Entidade para a Transparência, na qual revelou novos clientes da sua empresa familiar, a Spinumviva, Montenegro defendeu que "cumpre as obrigações".
"Eu até não concordo que a lei obrigue à disponibilização daqueles elementos nas condições em que foram pedidos, mas não vou entrar nessa discussão", atirou. "Independentemente de discordar, eu cumpri".
"Há uma coisa que quero aqui afirmar solenemente: A informação foi publicada, não tem a mínima intervenção da minha parte e, por mim, não era pública, sequer", acrescentou.
O jornal Expresso, recorde-se, noticiou, na tarde de quarta-feira, que o primeiro-ministro entregou uma nova declaração de interesses à Entidade para a Transparência, na qual revelou sete novos clientes da Spinumviva.
De acordo com o semanário, que cita várias fontes, a informação foi atualizada perto das 24h00 de segunda-feira. Além dos clientes já conhecidos da empresa Spinumviva - cinco na área de proteção de dados (Ferpinta, Rádio Popular, Solverde, CLIP e Lopes Barata) e a gasolineira de Braga - foram adicionadas sete outras empresas para as quais prestou serviços.
Em causa estão a Rodáreas, o Instituto Técnico de Alimentação Humana, a Sogenave, os Portugalenses Transportes, a Beetsteel, a INETUM Portugal e Grupel SA.
Dos novos clientes, a Rodáreas (Felgueiras- Lousada) e a Rodáreas (Viseu) são duas sociedades do Grupo Joaquim Barros Rodrigues & Filhos, a gasolineira de Braga, que pertence ao pai do candidato do PSD à Câmara Municipal de Braga, que pagou à Spinumviva 194 mil euros mais IVA pelo serviço de dois anos. Montenegro diz que, para estas empresas, fez serviço de consultoria de reestruturação de empresa e planeamento estratégico.
Para a Portugalenses Transportes, de Vila Nova de Gaia, diz ter trabalhado em serviços de "consultoria de gestão e planeamento", enquanto para a Beetsteel, de Braga, afirma ter feito "consultoria de gestão empresarial". Para as restantes, prestou serviços de proteção de dados.
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