Recrutamento antecipado e nadadores-salvadores de fora 'salvam' Algarve

O recurso a nadadores-salvadores estrangeiros, sobretudo do Brasil e Argentina, e a antecipação no recrutamento destes profissionais têm permitido aos concessionários de praia do Algarve completar as equipas a tempo da época balnear, disseram fontes do setor.

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Lusa
13/05/2025 15:51 ‧ há 7 horas por Lusa

País

Nadadores-salvadores

Na quinta-feira arranca a época balnear em Albufeira, o concelho algarvio com o maior número de praias, e vários concessionários admitiram à Lusa que continua a ser complicado recrutar nadadores-salvadores, razão pela qual apostaram na contratação atempada destes profissionais.

 

Luís Martinho, da Associação dos Industriais e Similares Concessionários das Praias da Orla Marítima do Algarve (AISCOMA) aponta como razões para essa dificuldade "a falta de interesse" dos portugueses pela atividade, por ser sazonal e também não ser reconhecida como profissão.

"Há alguns anos, tínhamos jovens que procuravam a atividade para ocupação dos três meses das férias escolares de verão, mas o alargamento da época balnear, para seis meses, fez baixar significativamente a procura", notou.

Segundo o também empresário, com concessões em várias praias no Algarve, "não é uma profissão com futuro garantido nem dá para viver dela o ano inteiro". Ainda assim, nas concessões que gere, tem conseguido manter os mesmos nadadores-salvadores há vários anos.

"O protocolo [do Instituto de Socorros a Náufragos] que existe com o Brasil tem ajudado, especialmente nas praias maiores, que trabalham com associações, mas mesmo isso só cobre o período da época balnear", apontou.

Luís Martinho perspetiva que o futuro possa ser complicado, defendendo a importância da valorização da profissão para que mais jovens a queiram seguir.

"Se a profissão não for reconhecida, vai ser cada vez mais difícil garantir segurança nas nossas praias", alertou.

António Vaz, concessionário na Praia dos Salgados, em Albufeira, disse à Lusa que fez tudo para garantir que estaria preparado para a época balnear, tendo começado a procurar socorristas em janeiro, e agora já tem a equipa completa, com dois nadadores-salvadores do Brasil.

No entanto, a contratação é um "problema transversal a todos os concessionários", admitiu, considerando que a cada ano "é sempre mais difícil", sobretudo no Algarve, onde há "um problema grande" com o alojamento por causa dos preços praticados.

Jorge Azevedo, da Associação de Nadadores-Salvadores de Albufeira (ANSA), afirmou que o problema com a contratação "mantém-se como nos outros anos, porque há cada vez menos procura dos jovens por esta atividade", havendo ainda a agravante de haver quem trabalhe um ou dois anos e que depois deixe de exercer.

Contudo, a "problemática tem sido atenuada" com a contratação de profissionais acreditados oriundos do Brasil e da Argentina, dois países que têm contribuído "em muito para assegurar a segurança das praias portuguesas".

"Grande parte dos concessionários das áreas balneares veem-se obrigados a recrutar nadadores-salvadores ao abrigo do protocolo com o Brasil para assegurarem a segurança das praias", apontou.

Em Albufeira, acrescenta, existe uma vertente diferente, "porque o concelho tem um plano de segurança balnear para todo o ano, o que faz com que alguns deles trabalhem todo o ano e não tenham de ir para o desemprego", embora para outros a atividade se mantenha sazonal.

A Associação de Salvamento Aquático e Assistência a Banhistas de Portimão (Rocha Rescue) indicou que não tem enfrentado dificuldades na contratação de nadadores-salvadores, devido ao início precoce do recrutamento e ao recurso a profissionais estrangeiros.

Segundo Nuno Fernandes, representante da associação, a antecipação é "fundamental" e o trabalho de contratação "começa logo após o final da época balnear anterior", já que os planos integrados dos concessionários têm de ser entregues até ao fim de março.

O responsável referiu que o intercâmbio com o Brasil "permite colmatar a falta de interesse dos portugueses pela profissão", uma vez que o inverno no Brasil lá coincide com o verão em Portugal.

"Assim eles trabalham cá cinco ou seis meses e regressam para trabalharem o restante período nos seus países de origem", concluiu.

Leia Também: Falta de planeamento condiciona nadadores-salvadores no Interior

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