Nascida em 22 de julho de 1940 em Santa Marinha, Vila Nova de Gaia, foi autora, com Maria Antónia Palla, dos programas 'Nome Mulher', sobre a condição feminina e o estatuto da mulher, e 'Direito de Família', transmitidos pela RTP após o 25 de Abril.
'Nome Mulher', transmitida entre 1974 e 1976 (atualmente disponível 'online' nas plataformas da estação pública), retratou a condição da mulher em Portugal, com episódios que foram da situação no interior do país até à figura de Maria Lamas, tendo gerado controvérsia com um trabalho intitulado 'O Aborto Não é um Crime', que culminou num processo contra Palla.
Com a também jornalista Maria Antónia Fiadeiro e Maria Antónia Palla, as três vieram a ser apelidadas de 'três Antónias' pela antiga primeira-ministra Maria de Lourdes Pintasilgo, como recordou Palla no livro autobiográfico 'O Relógio de Cuco'.
Nessa obra, Maria Antónia Palla lembrou que, em 1977, o jornalista Cáceres Monteiro as convidou para integrarem listas candidatas ao Sindicato dos Jornalistas: "Era a primeira vez que três mulheres se candidatavam à direção do Sindicato. Aceitámos o convite com uma condição: cada uma de nós ocuparia um lugar de topo. Condição aceite."
Em 1971, Antónia de Sousa tinha publicado o livro 'O Mercado do Trabalho e a Mulher', publicado pela Editorial Arcádia.
A sua carreira de jornalista passou sobretudo pela imprensa escrita, entre o Diário de Notícias e os vespertinos Diário de Lisboa e Diário Popular.
Antónia de Sousa entrou na redação - então completamente masculina - do Diário de Lisboa, na segunda metade da década de 1960, que considerou uma escola e uma família, como recordou, em 2000, numa entrevista à Antena 1.
Na entrevista que deu à Antena 1 em 2000, afirmou, sobre um dos géneros jornalísticos que mais praticou, a entrevista: "Acho que a entrevista é um ato de sedução. De sedução sem rede, porque se a gente quer que o outro se dê também tem de se dar. [...] Acho que num mundo onde há tanta coisa feia, mostrar a maravilha que é o outro, o que o outro fez, o seu potencial, é uma dádiva. Para nós, para os outros e para a pessoa que está a ser entrevistada".
"Nunca fui dos feminismos, como associações nem nada. Tinha uma postura que muita gente considerava feminista, mas não era nesse sentido. Era sobretudo porque considerei que a mulher é uma pessoa e é como pessoa que tem de ser tratada e é como pessoa que tem de atuar no mundo, com as suas capacidades, exercendo-as", afirmou, nessa mesma conversa com Esmeralda Serrano.
No Diário de Notícias, foi jornalista de grande reportagem, destacando-se pelos artigos sobre património cultural histórico e entrevistas, designadamente a Marcelo Rebelo de Sousa, atual Presidente da República, ao filósofo Edgar Morin e ao escritor António Quadros, entre outros.
A jornalista foi autora do livro 'Diálogos com Agostinho da Silva. O Império Acabou. E Agora?', resultado de um conjunto de conversas que gravou nos anos de 1986 e 1987 com o pensador, publicado pela Editorial Notícias.
Antónia de Sousa escreveu também 'As Mulheres na Vida de Honoré de Balzac', publicado pela Portugália.
O velório da jornalista realiza-se na sexta-feira a partir das 16h30, na Basílica da Estrela, em Lisboa, onde, no sábado, às 10h30 se realiza um serviço religioso, seguindo-se o funeral para o Cemitério dos Olivais, onde às 11h00 se realiza a cerimónia de cremação, por vontade expressa da própria, disse o filho.
[Notícia atualizada às 18h58]
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