A Polícia Judiciária (PJ) está a fazer dezenas de buscas, na manhã desta quinta-feira, a empresas que terão lucrado com um esquema de viciação das regras da contração pública, ao longo de vários anos, na adjudicação de meios aéreos a empresas privadas para o combate de incêndios. Uma das empresas envolvidas tem ligações ao cunhado e ao irmão do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, avança a SIC Notícias.
A empresa em causa é a Gesticopter, com sede em Monfortinho, distrito de Castelo Branco, revela o mesmo meio.
Em declarações ao canal, o ministro confirma saber que uma empresa com ligações à família concorreu a concursos públicos na área do combate aos incêndios e acrescenta que, por essa razão, pediu escusa em Conselho de Ministros quando fossem discutidas pastas relacionadas.
"Desde que no final do ano passado se iniciaram processos concursais relativamente a meios aéreos, seja do INEM seja do dispositivo de combate a incêndios, pedi escusa de qualquer envolvimento no processo", afirmava Leitão Amaro, em abril passado, elaborando: "Tenho um familiar que, quando os concursos se iniciaram, me comunicou que estava a pensar participar nos procedimentos concursais - e eu, a partir desse momento, comuniquei aos meus colegas de Governo que não tenho nenhum contacto, não emito qualquer juízo e obviamente não participo em nenhuma decisão, processo interno ou externo".
Em causa para as buscas está a alegada viciação das regras de contratação pública, ao longo dos últimos anos, na adjudicação de meios aéreos a empresa privadas no DECIR (Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais). No decurso da operação foram constituídas arguidas várias pessoas singulares e coletivas.
Recorde-se que a Polícia Judiciária fez hoje 28 buscas, em vários pontos do país, por suspeitas de corrupção e burla relacionadas com os concursos públicos para o combate aos incêndios rurais, num valor que ronda os 100 milhões de euros.
Os mandados de busca e apreensão decorreram em domicílios e sociedades comerciais e de contabilidade e em organismos públicos, nos distritos de Lisboa, Beja, Faro, Castelo Branco, Porto e Bragança.
As investigações envolvem suspeitas de corrupção ativa e passiva, burla qualificada, abuso de poder, tráfico de influência, associação criminosa e de fraude fiscal qualificada.
[Notícia atualizada às 14h36]
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