"Segurança da informação é ato fundamental de preservar a verdade"

O professor catedrático Luís Borges Gouveia afirma que a sociedade está atualmente na era da pós-informação, alertando para a necessidade de garantir a autenticidade e exatidão de registos primários na era digital. 

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Lusa
29/05/2025 19:30 ‧ ontem por Lusa

País

Desinformação

"Numa era cada vez mais definida pela informação e desinformação, o imperativo de garantir a autenticidade e exatidão dos nossos registos primários nunca foi tão crítico. A segurança da informação, cuidadosamente aplicada, torna-se um ato fundamental de preservar a verdade e permitir uma memória fiável para o futuro", defendeu hoje o académico numa conferência organizada pela reitoria da Universidade de Lisboa. 

 

Em declarações à agência Lusa à margem do evento, o docente explicou que atualmente "está-se, verdadeiramente, numa sociedade da pós-informação", pois "já há a aquela estrutura de base, de uma sociedade baseada em informação". 

"Hoje em dia temos algo bem mais perverso, que é, deixamos de ter as entidades de referência que asseguravam autoridade suficiente, para que o que está em arquivo possa ser um referencial comum. Um dos aspetos também importantes na história é que os conceitos já não são conceitos partilhados. Portanto, as lentes de interpretação sobre os mesmos documentos, as mesmas peças, podem levar a caminhos diferentes", afirmou. 

Para Luís Gouveia, nos dias de hoje, está em causa um "torcer da verdade sem a quebrar, sem dizer mentiras", fazendo com que a pessoa que está a fazer a interpretação, está a fazê-la em seu próprio nome, algo recorrente no contexto da pós-desinformação, explicou. 

O professor refere ainda que o grande desafio prende-se com que o facto de na era digital as "técnicas estarem cada vez mais sofísticas, fazendo com se perca a ideia do original e da cópia. No digital não há original, há cópia e reprodução", o que permite "refazer ou inventar originais com 'deepfakes' [técnica que utiliza recursos de inteligência artificial (IA) para gerar imagens e vídeos que imitam alguém]", por exemplo.

Neste sentido, o académico defendeu a importância da segurança no acesso à informação de qualidade, apresentando a proposta de um quadro de segurança da informação para a exatidão dos arquivos (ISFAA). 

O catedrático explicou que esta proposta assenta em quatro pilares, em primeiro lugar, a gestão de riscos, de forma a identificar e mitigar vulnerabilidades causadas por erro humano, em segundo lugar controlar a integridade e autenticidade, através da rastreabilidade rigorosa e ferramentas técnicas como assinaturas digitais.

Em terceiro lugar, formação contínua e ética profissional, promovendo programas educativos regulares sobre práticas e, finalmente, políticas claras e controlo de acesso por função, estabelecendo normas específicas para arquivos, minimizando, assim, o risco de manipulação. 

O objetivo desta proposta é estender a norma ISO 27000, que assegura um conjunto de regras sobre a confidencialidade, integridade e disponibilidade da informação, relacionadas à segurança de dados digitais e sistemas de armazenamento eletrónico.

Leia Também: Agências de notícias do Mediterrâneo empenhadas em combater desinformação

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