Saída "de levezinho" e "loucos no poder". O que aconteceu no 10 de Junho?

Entre 'selfies', no último 10 de Junho como Presidente, Marcelo revelou que tenciona "sair de levezinho" do cargo, enquanto Lídia Jorge usou o discurso nas cerimónias como alerta para a possibilidade de o país vir a ter "loucos no poder".

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

© Miguel Figueiredo Lopes/Presidência da República

Notícias ao Minuto
11/06/2025 08:40 ‧ ontem por Notícias ao Minuto

País

10 de Junho

A Avenida dos Descobrimentos, em Lagos, no Algarve, foi palco da cerimónia do último 10 de Junho de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República. Apesar de o discurso do chefe de Estado ter sido curto, a mensagem foi clara: Sublinhou que o povo português é "universal" e "não há quem possa dizer que é mais puro e mais português do que qualquer outro", recordando que, ao longo da História, "errámos em continentes e oceanos".

 

Marcelo terminou a intervenção com uma homenagem aos militares e fez a ponte com o momento seguinte, em que condecorou o antigo Presidente da República António Ramalho Eanes com o "primeiro grande-colar da Ordem Militar da Avis, nunca atribuído".

"Homenagem a este homem e ao seu percurso como militar e cidadão. Homenagem às Forças Armadas Portuguesas. Homenagem ao povo português. Homenagem a Portugal. Viva Portugal", asseverou Marcelo.

No último 10 de Junho, Marcelo uniu-se a Lídia Jorge e elogiou

No último 10 de Junho, Marcelo uniu-se a Lídia Jorge e elogiou "mistura"

Reveja aqui o acompanhamento AO MINUTO da cerimónia do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Em Lagos, Marcelo Rebelo de Sousa fez o último discurso, nesta data, como Presidente da República.

Notícias ao Minuto com Lusa | 09:32 - 10/06/2025

Do discurso de Marcelo, a dirigente do Bloco de Esquerda (BE) Joana Mortágua destacou "a ideia de uma Portugalidade aberta", assinalando que a intervenção do Presidente foi "bastante curta" e lembrando também que o chefe de Estado disse que "não há nenhum português que possa dizer que é mais puro do que outro".

Já o líder parlamentar do CDS, Paulo Núncio, elogiou a condecoração do antigo Presidente da República Ramalho Eanes, considerando que o general teve um papel decisivo na consolidação da democracia e destacando a operação militar de 25 de Novembro. Além disso referiu que "no dia 10 de Junho se deve comemorar Portugal".

CDS destaca justiça na decisão de Marcelo de condecorar Ramalho Eanes

CDS destaca justiça na decisão de Marcelo de condecorar Ramalho Eanes

O líder parlamentar do CDS elogiou hoje a condecoração do antigo Presidente da República Ramalho Eanes, considerando que o general teve um papel decisivo na consolidação da democracia, destacando a operação militar de 25 de Novembro.

Lusa | 14:40 - 10/06/2025

No final do dia, durante as últimas comemorações oficial do Dia de Portugal, o Presidente, que vai terminar o segundo mandato daqui a nove meses, a 9 de março de 2026, revelou aos jornalistas que tenciona "sair de levezinho". Quando cessar funções deixará de "intervir politicamente”, mas estará em todas as "cerimónias oficiais" como ex-chefe do Estado, "a menos que não possa, esteja impossibilitado".

Marcelo tenciona

Marcelo tenciona "sair de levezinho", mas ir a todas as cerimónias

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que tenciona "sair de levezinho" do cargo de Presidente da República e, quando cessar funções, deixar de intervir politicamente, mas ir a todas as cerimónias oficiais como ex-chefe do Estado.

Lusa | 21:18 - 10/06/2025

Prometeu ainda marcar presença nas cerimónias oficiais do 25 de Abril, do 10 de Junho e do 5 de Outubro, entre outras: "Onde for, eu lá estarei" e negou nostalgia pela perspetiva de saída do cargo: "Não, não. Precisamente a vantagem de sair de levezinho é que a pessoa vai matando a nostalgia saudável, vai gerindo aos poucos"

Por fim, argumentou que "o Presidente da República é um cargo, não é uma pessoa" e que "a instituição continua e as pessoas passam". Admitiu, no entanto, que o facto de estas serem as suas últimas comemorações do 10 de Junho teve efeitos na forma como viveu o dia de hoje: "Pesou, pesou".

O alerta contra "loucos no poder" e "fúria revisionista"

Como presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do 10 de Junho, a escritora Lídia Jorge foi a primeira a discursar nas cerimónias, ainda antes de Marcelo.

Numa intervenção com cerca de 30 minutos, citou Shakespeare, Camões e Cervantes, "três autores que perceberam bem que, em dado momento, é possível que figuras enlouquecidas, emergidas do campo da psicopatologia, assaltem o poder e subvertam todas as regras da boa convivência".

Nessa mensagem, alertou para a possibilidade de "loucos atingirem o poder" e para a "fúria revisionista que assalta pelos extremos", ao mesmo tempo que condenou o racismo, a escravatura e a cultura da mediocridade.

"O que significa que por aqui ninguém tem sangue puro e a falácia da ascendência única não tem correspondência com a realidade, cada um de nós é uma soma do nativo e do migrante, do europeu e do africano, do branco, do negro e de todas as outras cores humanas. Somos descendentes do escravo e do senhor que o escravizou", declarou Lídia Jorge.

"Mentalizem-se disto, nós não vamos devolver nada a ninguém"

Ao ouvir a ideia de um povo português multicultural, tanto na intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa como na de Lídia Jorge, o líder do Chega, André Ventura, levantou a questão da reparação de Portugal às suas antigas colónias e lamentou que não se tenha falado "no excesso de imigração".

Sem se referir a Lídia Jorge, alertou para a possibilidade de o poder político entrar "num caminho perigoso de dizer que os portugueses são culpados pelo esclavagismo que houve no mundo".

"Mentalizem-se disto, nós não vamos devolver nada a ninguém. E o Governo que tentar que Portugal reveja a sua História, culpando-se a si próprio, ou que devolva às antigas colónias o que quer que seja, da nossa parte cairá no Parlamento no dia seguinte, porque nós temos de ter orgulho na nossa História", reforçou Ventura, em declarações aos jornalistas.

Ventura avisa: Chega derruba Governo que devolva bens às antigas colónias

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O presidente do Chega avisou hoje que o seu partido procurará derrubar no parlamento um Governo que proceda à "revisão" e "culpabilização" da História de Portugal e à devolução de bens às antigas colónias.

Lusa | 14:25 - 10/06/2025

Gouveia e Melo ouve gritos sobre "traição ao povo português"

A quase 300 quilómetros de distância do Algarve, em Lisboa, o candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo ouviu gritos de traição e insultos racistas enquanto participava numa cerimónia do 10 de Junho de homenagem aos ex-combatentes, devido à presença do imã de Lisboa.

Quando o sheik se estava a dirigir para o palanque, um homem vestido com uma farda caqui insurgiu-se, aproximando-se do local e começando a gritar que a presença do imã de Lisboa nesta cerimónia era "uma traição ao povo português".

As comemorações do 10 de Junho terminaram ao início da noite de terça-feira, com a Cerimónia Militar do Arriar da Bandeira Nacional. Nessa altura, o Presidente da República aproveitou para responder aos pedidos daqueles que ali se encontravam e tirou várias 'selfies' antes de se sentar para o concerto de encerramento das comemorações pela Orquestra do Algarve.

Leia Também: O último 10 de Junho de Marcelo em imagens (e muitas 'selfies')

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