O antigo líder do Partido Social Democrata (PSD), Luís Marques Mendes, frisou, este domingo, que uma eventual candidatura presidencial do almirante Henrique Gouveia e Melo não condicionará a sua própria decisão de entrar na corrida a Belém, uma vez, que na sua ótica, o que mais pesa é "ser útil ao país".
O social-democrata assumiu, no seu espaço de comentário na SIC Notícias, que não ficou "surpreendido" com as notícias que têm dado conta da candidatura presidencial do chefe do Estado-Maior da Armada, cujo anúncio oficial poderá ocorrer em março do próximo ano.
"Para mim, não há surpresa mesmo nenhuma. Enquanto António José Seguro falou, relativamente a Gouveia e Melo falaram os jornais. Mas devo dizer que acho que as notícias dos jornais estão certas. Quem não andar desatento percebeu há vários meses que esta candidatura vai surgir. Pelo menos do verão para cá, não tenho nenhuma dúvida a esse respeito", disse.
Questionado quanto a um possível condicionamento da sua própria candidatura a Belém, tendo em conta o posicionamento favorável de Gouveia e Meio entre o eleitorado, Marques Mendes sublinhou que "essa decisão não está nada dependente da candidatura de A, de B ou de C".
"A mim? Não. Vou tomar uma decisão, sim, no próximo ano. E vou anunciar uma decisão, sim, no próximo ano. Essa decisão não está nada dependente da candidatura de A, de B ou de C. Está apenas dependente, como sempre disse publicamente, de saber se considero ter condições políticas e de saber se verdadeiramente posso ser útil ao país. Ao fim do dia, é a única coisa que realmente interessa", esclareceu.
O ex-líder do PSD admitiu que um eventual apoio ao militar por parte do CDS não seria "muito normal", uma vez que o partido está coligado no Governo com os sociais-democratas, ainda que possa "acontecer".
"Os partidos vão ter de tomar decisões. Não sei se faz sentido ou não. Numa escolha desta natureza, muito normal não é, porque estão juntos na coligação. Mas pode, evidentemente, acontecer", apontou.
Já sobre as declarações do antigo secretário-geral do Partido Socialista (PS), António José Seguro, que admitiu que "está tudo em aberto" no que diz respeito a uma candidatura presidencial, Marques Mendes também não se mostrou surpreendido.
"Não fiquei surpreendido desde que, há cerca de um mês ou dois, Pedro Nuno Santos, numa entrevista televisiva, admitiu o nome de António José Seguro como um bom candidato presencial", disse.
É que, na ótica do social-democrata, a partir do momento em que "o líder do PS apontou o nome de António José Seguro, por iniciativa própria, é natural que António José Seguro tivesse ficado sensibilizado".
"Aproveitou essa legitimidade da abertura que o líder do partido deu para dar um passo em frente e disse, preto no branco, que está a ponderar uma candidatura. Tem todo o direito", complementou.
O comentador disse ainda não saber de o PS está mais inclinado a apoiar Seguro do que o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, porque "a vontade de cada um conta muito". "Não sei e acho que essa questão, neste momento, é irrelevante, porque sendo estas decisões de carácter pessoal e individual, a vontade de cada um conta muito", justificou.
Saliente-se que, em outubro, Pedro Nuno Santos considerou, numa entrevista à TVI/CNN, que Mário Centeno seria um "bom candidato" a Presidente da República, mas que António José Seguro, António Vitorino ou Ana Gomes também seriam bons nomes.
Por seu turno, o presidente do PSD, Luís Montenegro, reforçou que o partido apoiará uma candidatura "preferencialmente de um militante".
"Sobre as eleições presidenciais, como presidente do PSD, estou veiculado a uma moção de estratégia que apresentei ao último congresso e na qual preconizamos uma candidatura no nosso espaço político, preferencialmente de um militante nosso, e é isso que vamos fazer", disse, este domingo.
À semelhança de António José Seguro, que confessou estar a "ponderar" entrar na corrida ao cargo, Gouveia e Melo ressalvou, numa entrevista concedida à RTP em setembro, que não se poderá manifestar quanto a uma eventual candidatura à Presidência da República enquanto for um militar no ativo. Ainda assim, o chefe do Estado-Maior da Armada, mandato que termina a 27 de dezembro, disse que não exclui nem inclui a possibilidade de uma carreira política.
Leia Também: Montenegro não comenta recondução de Gouveia e Melo. E presidenciais?