O líder do Chega, André Ventura, falou, esta terça-feira, acerca das próximas idas às urnas, tanto sobre as Legislativas - antecipadas para maio -, como sobre as Presidenciais.
Numa entrevista à RTP, Ventura admitiu que ter menos do que 50 deputados - ou seja, perder algum - seria uma derrota. "Com certeza [...]. Se tiver menos de 50 deputados é uma derrota no sentido em que não conseguimos passar a mensagem que quisemos. Espero que o Chega tenha mostrado ao país que não se guia por taticismos, nem por eleitoralismos", afirmou.
Sublinhando que "em toda a sua vida política" assumiu responsabilidades e apontando que o Chega não iria "ter um mau resultado", Ventura falou ainda sobre as ilações a tirar caso não conseguisse a mesma representação parlamentar. "Devolvo aos militantes do partido essa escolha. O meu lugar está sempre à disposição", apontou.
Ventura foi também confrontado sobre os casos que têm surgido nos últimos tempos de pessoas ligadas ao Chega, e questionado sobre se estes não poderiam resultar numa espécie de punição na próxima ida a votos. "O eleitorado sabe que os líderes políticos não escolhem os casos dos seus partidos, mas reagem aos casos dos seus partidos de forma diferente", justificou Ventura, acrescentando que perante as situações - recentes - "nunca se escondeu ou fugiu".
Quanto ao futuro, e sobre o que poderia ser feito neste âmbito, Ventura referiu que o Chega iria ser "mais exigente" - e confrontando sobre com quem mecanismos o iria fazer, nomeadamente, sobre uma solicitação de registo criminal, Ventura foi assertivo: "Já pedimos. Miguel Arruda e Nuno Pardal não tinham registo criminal".
Recorde-se que sobre Miguel Arruda recaem suspeitas de furto qualificado, depois de o deputado agora independente ter sido 'apanhado' com malas que não lhe pertenciam e que traria dos aeroportos de Lisboa e Ponta Delgada. Sobre Nuno Pardal, que era dirigente do Chegam recaem acusações de dois crimes de prostituição de menores.
Presidenciais? "Não está decidido ainda"
Durante a entrevista Ventura falou também sobre as Presidenciais, marcadas para 2026. Ventura já tinha anunciado que seria candidato, mas face à crise política que se instalou em Portugal no último mês, o líder do Chega admitiu retirar a sua candidatura, alegando que o contexto político mudou e a sua "responsabilidade primeira e maior como líder do partido."
Questionado sobre se a decisão sobre para qual dos atos 'se virava' já estava definitivamente tomada, Ventura disse: "Não está decidido ainda. É provável que isso [a candidatura à Presidência] não aconteça, visto que este calendário não era o expetável. O que era o expetável era que o Governo durasse o seu tempo de mandato".
Reiterando que o "seu foco e obrigação" como líder do partido era que este tivesse "uma maioria que permita governar Portugal", Ventura garantiu que o "o Chega terá voz nessas eleições". E clarificou: "Sendo eu ou não candidato o chega terá voz nessas eleições."
Apesar de já ter considerado "vergonhoso" o chumbo do relatório preliminar da Comissão Parlamentar de Inquérito às gémeas luso-brasileiras, Ventura falou da 'nega' dada aos resultados preliminares deste relatório, elaborado pela deputado do Chega Cristina Rodrigues. "Vimos uma troca de favores inacreditável entre o Partido Socialista e o Partido Social Democrata para se protegerem uns aos outros. Perguntam-me se o PSD pode vir a fazer um acordo de maioria com o Chega? Poder pode, mas tem de mudar a estrutura fundamental e deixar de acreditar que fazer política é trocar favores. Isso tem de acabar em Portugal", disse ainda.
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