"Eu não acredito é que este tipo de campanha em que se chantageia as pessoas com uma falsa estabilidade consiga garantir estabilidade ao país. O que é que eu quero dizer com isto? Não acredito que, se Luís Montenegro tiver mais um voto que Pedro Nuno Santos, consiga trazer estabilidade ao país e, se Pedro Nuno Santos tiver mais um voto que Luís Montenegro, também não será capaz de trazer essa estabilidade", defendeu Mariana Mortágua.
A líder bloquista falava aos jornalistas numa visita ao Bairro do Zambujal, no concelho da Amadora, altura em que foi questionada sobre as declarações do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, que assegurou hoje que, depois das legislativas, irá encontrar uma "solução de estabilidade política em Portugal" em diálogo com os grupos parlamentares saídos das eleições, recordando a sua experiência no tempo da 'geringonça'.
"A estabilidade será trazida a Portugal se nós conseguirmos ter deputados que no Parlamento aprovem medidas que respondam à vida das pessoas", salientou Mortágua, que alertou que, se o país entra "em mais um momento da vida política em que promessas não são cumpridas", isso gerará revolta nos cidadãos.
Essa frustração, de acordo com a líder bloquista, levará a "instabilidade na vida das pessoas e vai refletir-se na instabilidade política".
Mariana Mortágua voltou a demonstrar abertura para um eventual acordo parlamentar, que terá que ser escrito.
"Quando estivermos no parlamento, os deputados e as deputadas do BE assumem um compromisso com todas as medidas que defenderam ao longo desta campanha, sobre os salários, as casas, taxar os ricos, as condições de vida, a saúde, sobre respeitar um povo inteiro que se esforça para chegar ao fim do mês. E falamos com quem quiser assumir esses compromissos connosco. Estamos disponíveis para essas soluções, desde que elas deem estabilidade à vida de quem luta todos os dias", realçou.
Depois de o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, ter afirmado na segunda-feira que a esquerda "já entregou os pontos e já está derrotada", Mariana Mortágua apelou à participação dos eleitores, alegando que todos os votos têm o mesmo valor na urna.
"Um voto de cada pessoa que ganha o salário mínimo, um voto de cada pessoa que trabalha por turnos, de cada mulher que sai de casa às quatro da manhã para ir fazer as limpezas e que volta à casa às oito da noite, vale tanto como um voto do banqueiro, vale tanto como o voto do dono do fundo especulativo que especula com a casa, vale tanto como o voto de Luís Montenegro, vale tanto como o voto de cada um dos dirigentes da extrema-direita que insulta as pessoas que trabalham", salientou.
Mortágua advogou que, "se toda a gente que trabalha, que sofre para fazer a sua vida, que sofre para que os filhos tenham uma vida boa" for votar, serão "a larga maioria".
"E a esquerda está cá para as defender, para as representar e o Bloco de Esquerda fará isso ao longo desta campanha", assegurou.
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