"Temos dois factos caricatos: o primeiro é que Cavaco Silva surja a atestar a ética de Luís Montenegro e o segundo é Passos Coelho a entrar na campanha para celebrar a reconciliação do PSD com os pensionistas, como se este país não se lembrasse que o PSD cortou pensões", disse Mariana Mortágua.
A líder do BE falava aos jornalistas à margem de uma iniciativa de campanha na qual acompanhou um grupo de trabalhadoras domésticas no seu percurso para o trabalho, pelas 05:30 da manhã.
Num dia de campanha marcado pelo 51.º aniversário do PSD, que vai reunir ex-líderes sociais-democratas como Aníbal Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho num almoço, Mariana Mortágua foi questionada sobre o artigo de opinião do antigo Presidente da República, publicado no Observador, no qual defende que o primeiro-ministro foi alvo de uma "campanha de suspeitas e insinuações" da oposição e de "alguma comunicação social", centrada "em boa parte" na devassa da sua vida privada.
"Acho estranho que Cavaco Silva ateste a ética de Luís Montenegro. Eu lembro-me do caso BPN, lembro-me do caso BES, e portanto, estas lições de ética e moral por parte da Cavaco Silva parecem-me sempre muito irónicas", considerou a deputada, que em 2014 integrou a comissão de inquérito ao BES e se destacou nesse papel.
Além das críticas à direita, Mariana Mortágua fez questão de realçar que "nesses tempos idos de 2015, o PS queria congelar pensões" e o PSD "queria cortá-las" e "foram os deputados do Bloco de Esquerda que descongelaram a lei das pensões e trouxeram para Portugal um novo normal, que é que as pensões são atualizadas todos os anos".
Sobre Rui Tavares ter alertado que os partidos à esquerda precisam de assumir de forma clara a responsabilidade numa alternativa de governação, Mariana Mortágua começou por responder que em 2015, ano de fundação da geringonça, o BE "descongelou as pensões porque sempre esteve à altura das suas responsabilidades".
"Fizemos há 10 anos e vamos fazer em 2025, mas não falamos de acordos teóricos e vazios, os entendimentos e as conversas têm que servir para mudar a vida das pessoas", salientou.
"Quando as pessoas votam no Bloco sabem que esse voto na Assembleia da República vai defender o trabalho por turnos e vai apresentar o projeto com que se comprometeu. Vai defender os tetos às rendas e vai propor aumentos salariais e a lei do serviço doméstico para proteger estas trabalhadoras e formas de taxar as grandes fortunas também para proteger a Segurança Social. Esse é o nosso compromisso. O voto no Bloco vale isso e a garantia de que seremos solução", sublinhou.
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