O politólogo José Adelino Maltez considerou, em declarações ao Notícias ao Minuto, que a decisão tomada pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, de não marcar presença na campanha do Partido Socialista (PS) "faz sentido", tendo em conta o cargo que ocupa a nível internacional. Rejeitou, além disso, que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, fique ‘a perder’ com a ausência.
"De acordo com a função que exerce, [António Costa] pode participar em encontros, como ele disse, partidários europeus, mas não pode, e não acha que o deva fazer, em encontros nacionais, sobretudo em campanha", disse José Adelino Maltez ao Notícias ao Minuto.
O especialista apontou ainda que, na sua ótica, Pedro Nuno Santos não sai ‘beliscado’, já que "até hoje não se levantou qualquer [questão] de haver divergência entre ele e António Costa no plano político".
"Tanto [António Costa] como António Guterres têm funções internacionais. Podemos dizer o mesmo de António Guterres", exemplificou ao Notícias ao Minuto.
Recorde-se que fonte oficial do gabinete de António Costa disse à agência Lusa que, há cinco meses, quando assumiu funções como líder da instituição que junta os chefes de Estado e de Governo da União Europeia, o socialista "estabeleceu como regra que, no respeito pelo seu dever de neutralidade em relação à vida política dos Estados-membros, não deveria participar em quaisquer atividades dos partidos políticos nacionais".
"Por esta razão, o presidente do Conselho Europeu não participou nem participará em quaisquer eventos da campanha eleitoral portuguesa", explicou a mesma fonte.
Ainda assim, o antigo primeiro-ministro votará em Lisboa no dia das eleições, a 18 de maio.
A fonte referiu ainda à Lusa que, nos últimos meses, António Costa também "recusou vários convites para participar em eventos partidários em países como a Alemanha, Itália, Espanha e Portugal".
Sublinhe-se que, de acordo com os Tratados da União Europeia (UE), o presidente do Conselho Europeu não exerce qualquer função ao nível nacional. Contudo, e apesar de isso não o impedir de exercer direitos como o à liberdade de expressão, tal não pode ser incompatível com as suas funções de presidente do Conselho Europeu.
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