"A esquerda tem uma derrota importante, o BE tem uma grande derrota esta noite e é importante reconhecermos essa derrota com toda a humildade e frontalidade. Porque assumir é o primeiro passo para fazermos em conjunto a reflexão que temos que fazer, para aprendermos com a campanha que construímos, para sabermos olhar para a campanha que fizemos e construir o partido para o futuro que queremos construir e para alargar esta esquerda", reconheceu Mariana Mortágua.
A líder do BE falava aos apoiantes na Casa do Alentejo, em Lisboa, local que o partido escolheu para a sua noite eleitoral das legislativas antecipadas, e depois de ter perdido representação no parlamento.
Interrogada sobre se é possível recuperar um partido de uma queda eleitoral com a mesma direção, Mariana Mortágua garantiu que vai manter a sua candidatura à próxima Convenção nacional do partido, agendada para novembro deste ano.
"Eu encabeço uma moção à próxima convenção do BE e mantenho inteiramente esse compromisso", afirmou.
No início da sua intervenção, Mariana Mortágua voltou a defender a estratégia do partido para estas eleições, que consistiu numa campanha sem arruadas, visitas a mercados ou feiras, e apostou mais num "porta à porta" e nas redes sociais.
"Foi uma boa campanha para o BE. Mobilizámos muita gente, juntámos gente nova, fizemos porta a porta pela primeira vez. É uma campanha da qual nos orgulhamos e que achamos foi uma campanha necessária para enfrentar estes tempos difíceis. Mas os tempos são difíceis e nós não escolhemos os tempos em que calhámos viver", argumentou.
De acordo com a coordenadora nacional, o partido sabia desde início que "esta seria uma campanha difícil" e Mariana Mortágua enquadrou a derrota numa "viragem à direita no mundo e na Europa" que se estendeu "também a Portugal" e que "é avassaladora".
Contudo, Mortágua fez questão de deixar "uma garantia a toda a esquerda" em Portugal: "O Bloco de Esquerda está aqui".
"Temos muito trabalho pela frente para construir a esquerda e alargá-la e para enfrentar a extrema-direita e cá estaremos para o futuro", afirmou.
Mariana Mortágua disse ainda que "cada mandato" que um deputado do BE não vai ter na Assembleia da República "é uma lutadora em um lutador contra a extrema-direita que estará a fazer o mesmo trabalho na rua".
Quanto ao futuro, a coordenadora do BE respondeu que o partido "terá tempo" para reunir a direção e tem um "processo convencional" daqui a meses.
A cabeça de lista do BE por Lisboa começou a reagir numa altura em que o partido ainda não tinha elegido qualquer deputado e terminou quando Mariana Mortágua, número um na capital, foi eleita, com os presentes a gritar "Mariana vai em frente, tens aqui a tua gente" e a cantar "A Internacional", num ambiente de festa que contrastou com o resultado.
Nas últimas eleições legislativas, em março do ano passado, o BE elegeu cinco deputados, dois por Lisboa (Mariana Mortágua e Fabian Figueiredo), dois pelo Porto (Marisa Matias e José Soeiro) e uma por Setúbal (Joana Mortágua) e foi a quinta força política mais votada, com 4,36 % dos votos a nível nacional.
[Notícia atualizada às 23h59]
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