AD reforçada, PS ferido e Chega ascende. O 'abanão' político das eleições

A noite foi de surpresas e, enquanto, a AD conseguiu reforçar-se, o segundo lugar e quem irá liderar a oposição é ainda uma incógnita até que sejam conhecidos os resultados dos eleitores residentes no estrangeiro. Pedro Nuno sai de cena e a Esquerda foi a grande derrotada nestas eleições.

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© Zed Jameson/Anadolu via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
19/05/2025 08:47 ‧ há 4 horas por Notícias ao Minuto com Lusa

Política

Legislativas

Portugal foi novamente a eleições no espaço de pouco mais de um ano e os resultados ditados pelas urnas reformulam a política nacional. As eleições legislativas antecipadas de domingo foram ganhas pela AD, tiveram um impacto profundo no PS, que pode ser ultrapassado pelo Chega, mas também no Bloco de Esquerda. Eis um resumo da noite eleitoral. 

 

Segundo os resultados divulgados pela secretaria-geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI) e referentes ao território nacional, a AD (PSD/CDS) foi a vencedora da noite, ao conseguir eleger 86 deputados, mais 10 face ao alcançado nas legislativas de 2024 (sem contar com os círculos da emigração, que ainda não foram apurados).  A estes deve somar-se a coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM nos Açores, que conseguiu hoje eleger três deputados, mantendo o alcançado no ano passado.

Assim, ao todo estas duas coligações têm agora 89 deputados, ou seja, mais 10 face ao registado em 2024.

Por sua vez, o PS foi um dos derrotados da noite, tendo eleito 58 deputados, isto é, menos 19 face aos 77 das legislativas anteriores. Este é um dos piores resultados na história do partido e que levou já à demissão de Pedro Nuno Santos. 

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O PS alcançou o terceiro pior resultado da sua história em legislativas, ficando quase empatado com o Chega, o que levou o seu líder, Pedro Nuno Santos, a apresentar a demissão um ano e meio após a sua eleição.

Lusa | 02:39 - 19/05/2025

O Chega está, neste momento, 'taco a taco' com o PS, ao eleger 58 deputados, mais 10 face a 2024, enquanto a IL viu a sua bancada ganhar mais um deputado, tendo agora 9 mandatos.

Já o Livre foi o único vencedor à Esquerda e conseguiu mais dois deputados do que no ano passado, totalizando seis deputados, enquanto a CDU (PCP/PEV) perdeu um deputado, passando de quatro para três.

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O Livre foi o grande vencedor à esquerda da noite eleitoral de domingo, ao aumentar de quatro para seis o número de deputados, mas a vitória acabou por ser agridoce devido ao crescimento do Chega.

Lusa | 02:49 - 19/05/2025

Por sua vez, o Bloco de Esquerda vê a sua bancada parlamentar encolher de cinco deputados para uma deputada única (a própria coordenadora do partido, Mariana Mortágua), enquanto o PAN 'segurou' Inês Sousa Real, que vai continuar a ter assento no Parlamento.

A Assembleia da República tem agora um estreante, depois de o Juntos Pelo Povo (JPP) ter eleito Filipe Sousa.

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A primeira vez que o Juntos Pelo Povo tentou entrar na Assembleia foi em 2015, e desde então não desistiu. Dois meses depois de destronar os socialistas nas eleições regionais, tirando-os da oposição, voltar a fazer história, agora em território continental.

Notícias ao Minuto com Lusa | 03:18 - 19/05/2025

Esta composição não inclui ainda os eleitores residentes no estrangeiro, cuja participação e escolhas serão conhecidos a 28 de maio.

As reações das três maiores forças políticas... e consequências

No final da noite eleitoral, o presidente do PSD afirmou que os portugueses deram nestas eleições um "voto de confiança" na AD, no Governo e no primeiro-ministro, querendo que o Executivo dialogue, mas que as oposições também o façam.

"O povo falou e exerceu o seu poder soberano. No recato da sua liberdade, aprovou, de forma inequívoca, um voto de confiança no Governo, na AD e no primeiro-ministro", declarou, referindo que "o povo português quer este Governo e não quer outro".

Além disso, defendeu ainda que não lhe "parece que haja outra solução de Governo", pedindo a todos que "respeitem a vontade dos portugueses" e, questionado se mantém o não ao Chega, respondeu que já demonstrou ter palavra. 

"Povo falou. Aprovou, de forma inequívoca, voto de confiança no Governo"

O presidente do PSD afirmou hoje que os portugueses deram nas eleições de domingo um voto de confiança na AD, no Governo e no primeiro-ministro, querendo que o executivo dialogue, mas que as oposições também o façam.

Lusa | 01:25 - 19/05/2025

Do lado do PS, que alcançou o terceiro pior resultado da sua história em legislativas, Pedro Nuno Santos quebrou o silêncio para apresentar a demissão um ano e meio após a sua eleição. O líder socialista afirmou que não quer "ser um estorvo nas decisões" que o PS tem que tomar e, além disso, ainda vai avaliar se continuará como deputado.

"Eu não quero ser um estorvo ao partido nas decisões que tiver de tomar, eu já o disse, não poderia nunca ser suporte deste Governo", disse. "Acho que o partido também não deveria ser e não deveria ser porque não deve dar suporte a um Governo liderado por alguém que não soube separar a política dos seus negócios", salientou. 

Pedro Nuno Santos adiantou ainda que já está acertado com o presidente do PS convocar a Comissão Nacional para o próximo sábado, no qual pedirá eleições internas, às quais disse que não será candidato.

"Mas como disse Mário Soares, só é vencido quem desiste de lutar e eu não desistirei de lutar. Até breve. Obrigado a todos", completou Pedro Nuno Santos.

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O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos anunciou hoje a sua demissão do cargo, ao qual não será recandidato, anunciando uma Comissão Nacional do partido para sábado.

Lusa | 00:12 - 19/05/2025

Por sua vez, André Ventura cantou vitória, considerando que o Chega fez "o que nunca nenhum partido tinha feito em Portugal" e "acabou" com o "bipartidarismo". 

"O Chega superou o partido de Mário Soares, de António Guterres. O Chega matou o partido de Álvaro Cunhal. O Chega varreu do mapa o Bloco de Esquerda", declarou.

O líder do Chega apontou ainda que o próximo Governo "depende do Chega e só do Chega", mas não esclareceu se viabilizará o programa do próximo Executivo no Parlamento.

"Os portugueses sabem que o Chega sempre foi e lutou por ser um garante de estabilidade, mas também de firmeza na luta contra a corrupção, interesses instalados e sem ceder um milímetro. [...] Mas também não quero deixar de dizer que o Chega sempre foi um partido responsável. Tornou-se um partido de poder e de governo por mérito próprio e vai honrar essa tradição", afirmou.

"Teremos tempo para falar sobre governo e sobre cenários", completou.

"Governo depende do Chega", que não esclarece se deixa passar programa

O líder do Chega, André Ventura, considerou hoje que o próximo Governo "depende do Chega e só do Chega", mas não esclareceu se viabilizará o programa do próximo executivo no Parlamento.

Lusa | 01:21 - 19/05/2025

O que esperar?

Nesta nova legislatura deixará de haver uma maioria de dois terços formada apenas pelos eleitos de PSD e PS, ou da AD  (PSD/CDS-PP) e do PS, mesmo que os quatro mandatos da emigração fossem todos para estas forças políticas. Já se sabe que o Presidente da República está disposto a adiar a nomeação do primeiro-ministro para dar tempo aos partidos para negociarem um programa de Governo que passe no Parlamento.

Assim, há vários cenários em cima da mesa e, à partida, se ninguém avançar com uma moção de rejeição ao programa do Governo - o que pode acontecer por parte do PCP, tal como no ano passado -, não haverá grandes dificuldades iniciais e o Executivo passa sem problemas e Luís Montenegro é indigitado primeiro-ministro. Contudo, o Chega é decisivo nesta matéria e, embora seja difícil que o Chega vote a favor de qualquer moção de rejeição do PCP, Ventura remeteu o tema para os próximos dias.

Já o PS, enfraquecido e, agora, sem líder, não tem força para chumbar o Executivo da AD embora o possa deixar passar, a não ser que se alie ao Chega. Este cenário é improvável. O ano passado, recorde-se, o PS absteve-se na moção de rejeição apresentada pelo PCP e o Chega votou contra. 

É de realçar que a AD sozinha tem mais deputados que a Esquerda. 

O cenário fica mais complicado com o passar do tempo e o Orçamento do Estado, que volta a depender do Chega ou da influência positiva do PS, que se pode aliar à AD, voltará a ser um teste para o Executivo.

Leia Também: Eleições em imagens: Uma demissão, "saudações à família" e História feita

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