Catarina Martins, eurodeputada do Bloco de Esquerda (BE), considerou, esta segunda-feira, que os ativistas que seguiam num navio humanitário com destino à Faixa de Gaza e foram detidos por Israel "são um exemplo".
"Os ativistas que hoje foram detidos ilegalmente por Israel são um exemplo. Os governos de todo o mundo deviam segui-lo, em vez de optarem pelo silêncio cúmplice com o genocídio. Palestina Livre", escreveu a antiga coordenadora do BE numa publicação divulgada na rede X (antigo Twitter).
Num vídeo que acompanha a publicação, a bloquista reforçou esta ideia, criticando os governos que "nem sequer se levantam para defender estes ativistas".
Os ativistas que hoje foram detidos ilegalmente por Israel são um exemplo. Os governos de todo o mundo deviam segui-lo, em vez de optarem pelo silêncio cúmplice com o genocídio.
— Catarina Martins (@catarina_mart) June 9, 2025
Palestina Livre! pic.twitter.com/K9d902gwIX
Recorde-se que o veleiro, que se dirigia para a Faixa de Gaza transportando ajuda humanitária e 12 ativistas pró-palestinianos a bordo, chegou hoje a um porto em Israel, após ter sido apresado por militares israelitas, no âmbito do bloqueio de longa data que impuseram ao território palestiniano.
Escoltado por dois navios da Marinha israelita, o veleiro chegou ao porto de Ashdod ao anoitecer, por volta das 20h45 locais (18h45 de Lisboa), segundo a agência de notícias francesa, AFP.
Anteriormente, a organização Flotilha da Liberdade, que organizou a viagem, tinha instado a pressão da comunidade internacional para confrontar Israel com a sua abordagem ao veleiro humanitário Madleen e detenção da tripulação de 12 pessoas, entre as quais a eurodeputada Rima Hassan e a ativista climática sueca Greta Thunberg.
Desde a apreensão do navio pelas autoridades israelitas até à chegada ao porto de Ashdod, o grupo pró-palestiniano emitiu um comunicado indicando: "Já passaram 15 horas desde que vimos ou ouvimos falar dos nossos amigos e colegas. Não nos foi permitido qualquer contacto".
O Madleen transportava seis voluntários franceses, um neerlandês, um turco, uma sueca, um brasileiro, uma alemã e um espanhol, e a Coligação Flotilha da Liberdade afirmou que os ativistas tinham sido "sequestrados pelas forças israelitas" quando tentavam entregar ajuda ao território.
"A embarcação foi abordada ilegalmente, a sua tripulação civil desarmada foi sequestrada e a sua carga vital --- incluindo leite para crianças, alimentos e material médico --- foi confiscada", afirmou a organização.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel indicou que a veleiro foi apreendido em águas internacionais, a cerca de 200 quilómetros da Faixa de Gaza, e descreveu a viagem como um golpe de relações públicas, escrevendo na rede social X: "O iate das 'selfies' das 'celebridades' está a caminho, em segurança, da costa de Israel".
O Governo israelita indicou ainda que os ativistas regressarão aos seus países de origem e a ajuda será enviada para a Faixa de Gaza através dos canais estabelecidos.
O Madleen procurava furar o bloqueio imposto por Israel a Gaza desde 02 de março, antes de os militares israelitas quebrarem o cessar-fogo em vigor com o movimento islamita palestiniano Hamas.
Desde então, Israel intensificou as suas operações no território, cuja população se encontra na totalidade, segundo a ONU, "sob o risco de morrer de fome".
O conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque liderado pelo Hamas a 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e 251 reféns.
Em retaliação, Israel lançou, horas depois, uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, que já fez quase 55 mil mortos, segundo números das autoridades locais que a ONU considera fidedignos, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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