Assembleia Legislativa da Madeira lamenta morte de padre Martins

A presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, Rubina Leal, manifestou hoje pesar pela morte do padre Martins Júnior e destacou o seu percurso de "mérito próprio" que o torna uma das personalidades que marca a história recente da região.

Assembleia Legislativa da Madeira,

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Lusa
13/06/2025 14:25 ‧ ontem por Lusa

Política

Madeira

"Defensor de diversas causas, com um amor incondicional a Machico, bem como à paróquia da Ribeira Seca, o padre Martins Júnior é, por mérito próprio, uma das personalidades que marca a história recente da nossa região", lê-se numa nota enviada às redações pelo gabinete da presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, Rubina Leal.

 

O padre madeirense Martins Júnior, que esteve suspenso 'a divinis' durante 42 anos, morreu na noite de quinta-feira aos 86 anos, indicou a diocese do Funchal, numa publicação no 'site' oficial.

O parlamento insular recorda que o pároco foi deputado na Assembleia Legislativa Regional, "eleito nas listas da UDP, assumindo funções entre a I e a IV legislaturas, e do PS, assumindo o lugar de deputado entre as VI, VII e VIII legislaturas, sempre pelo círculo de Machico, concelho em que foi presidente da Câmara Municipal entre 1989 e 1997".

"O seu percurso é o de um homem que sempre fez ouvir a sua voz, acreditando, de forma convicta e resoluta, que a participação cívica e política é o meio primordial para ver satisfeitas as reivindicações e anseios da população", é realçado na nota.

A presidente da Assembleia Legislativa da Madeira (PSD), o principal órgão de governo próprio da região, sublinha ainda o legado deixado pelo padre Martins Júnior e endereça condolências à sua família e amigos.

Também o JPP, partido que lidera a oposição no parlamento madeirense, expressou "profundo pesar" e "sentidas condolências à família e amigos" do padre, através de uma nota enviada às redações.

O secretário-geral do partido, Élvio Sousa, recordou o histórico pároco como "um homem da liberdade, dotado de uma ousadia cívica e política avançada, a voz que se erguia a favor dos que eram privados de se exprimirem livremente contra o pensamento de sentido único".

O presidente do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, manifestou igualmente pesar pelo falecimento de Martins Júnior, classificando o pároco como "um homem de causas, símbolo de resiliência e de luta pela afirmação dos valores democráticos".

"Mesmo com custos a nível pessoal e como sacerdote, nunca se calou perante as injustiças. A sua voz incómoda para o poder fez dele um símbolo de esperança e uma figura amplamente admirada", afirma o socialista, em comunicado.

Nascido em 16 de novembro de 1938 e ordenado padre em 15 agosto de 1962, Martins Júnior foi suspenso "a divinis" em julho de 1977 pelo então bispo do Funchal Francisco Santana, mas nunca deixou de prestar serviço religioso naquela paróquia, para a qual fora designado em 1969.

A diocese do Funchal, que na quinta-feira dava apenas conta da morte do padre, no seu 'site' oficial, publicou hoje um pequeno texto, no qual "presta homenagem à memória" do sacerdote, que, "ao longo da sua vida, defendeu o seu projeto para a Madeira e para o povo madeirense, e no qual muitos se reviram".

"A diocese saúda a sua vontade de regresso à comunhão eclesial em 2019, bem como a transição pacífica realizada na paróquia da Ribeira Seca", conclui.

O sacerdote dedicou-se desde cedo à política e entrou em rota de colisão com as autoridades eclesiásticas, mas continuou a ter o apoio da população local e realizava os serviços religiosos, batismos e casamentos.

Em junho de 2019, o atual bispo da diocese do Funchal, Nuno Brás, anunciou a revogação da suspensão, uma medida com grande impacto mediático ao nível regional, e nomeou Martins Júnior administrador paroquial da Ribeira Seca, situação que se manteve até à tomada de posse do novo pároco, o cónego Manuel Ramos, em fevereiro de 2023.

"Era um caso muito particular", disse na altura Nuno Brás, sublinhando que a revogação da suspensão era uma medida "exigida quase por toda a gente" e que "foi até relativamente fácil tomar essa decisão".

Martins Júnior fora suspenso por se ter recusado a entregar a chave da igreja da Ribeira Seca ao bispo Francisco Santana e participou ativamente na vida pública e política regional como presidente da Câmara Municipal de Machico pela UDP (1989) e pelo PS (1993), e como deputado na Assembleia Legislativa da Madeira, tendo sido eleito quatro vezes nas listas da UDP e três nas do PS.

Antes de celebrar a sua última missa, em 05 de fevereiro de 2023, o sacerdote declarou à imprensa regional que, durante o seu percurso, serviu o povo de Deus e não a Igreja Católica.

Leia Também: Morreu padre madeirense Martins Júnior. Tinha 86 anos

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