Ao longo dos anos a Netflix tem procurado fazer do conteúdo local uma das imagens de marca do seu serviço, o que faz com que atualmente um utilizador da plataforma consiga encontrar múltiplas séries de sucesso nos mais variados idiomas. Basta olhar para ‘Squid Game’, ‘La Casa de Papel’ e até ‘Dark’ para perceber que, na Netflix, há margem para uma série produzida fora dos EUA consiga ter o reconhecimento merecido.
É este o caso também de ‘Rabo de Peixe’, uma série criada por Augusto Fraga com argumento escrito pelo próprio, Hugo Gonçalves e João Tordo e que conta com José Condessa como protagonista.
A série estreou em 2023 e, entretanto, foi anunciado que terá direito não só a uma segunda temporada, como também a uma terceira - o que confere a ‘Rabo de Peixe’ um estatuto especial entre os novos projetos da Netflix que, nos últimos anos, acabam por não passar da primeira temporada.
Esta aposta da Netflix em ‘Rabo de Peixe’ é algo que fica evidente com a presença de José Condessa no mais recente evento da empresa, em que o Notícias ao Minuto esteve presente, em Madrid, Espanha. Entre o conteúdo local que foi apresentado - onde se podiam encontrar as mais variadas séries e filmes em castelhano - estava também ‘Rabo de Peixe’ como um dos grandes lançamentos de 2025.
Foi a propósito desta continuação de ‘Rabo de Peixe’ que, numa conversa onde estiveram presentes outros jornalistas portugueses, o Notícias ao Minuto falou com José Condessa, procurando perceber como foi ser ‘apanhado’ pelo sucesso da primeira temporada e o efeito da Netflix na própria carreira.
“Uma coisa que vem da Netflix é o reconhecimento nacional e o alcance a milhares a pessoas”, notou José Condessa. “Disseram-me também (e isso é muito bom que eu saiba enquanto ator) que ‘Rabo de Peixe’ foi um grande sucesso em muitos países e que até continuou a crescer até há muito pouco tempo - como é o caso do Brasil”.
É do Brasil, aliás, que surgem dois novos nomes para a segunda temporada - Paolla Oliveira e Caio Blat. De acordo com o protagonista de ‘Rabo de Peixe’, os dois “são personagens incríveis”, mas não se adiantou em pormenores.
Por outro lado, o que esperar da segunda temporada? “Do que vi, a segunda temporada está mesmo melhor do que a primeira”, nota o ator. “Na primeira temporada houve muita coisa que foi necessário cortar, mas ficou mais ágil. Agora continua com ritmo, mas cresceu emocionalmente. Não está mais parada, mas cresceu. Acho que é isso que está a agradar a tantas pessoas e, a nível pessoal, sinto que a Netflix ficou tão contente com as imagens que tem ‘urgência’ em lançar a segunda temporada”.
O que esperar da próxima temporada?
Condessa notou ainda que a segunda temporada é “muito emotiva” e afirma que as personagens “não perdem a essência delas”. “Na segunda temporada há uma coisa muito gira. Por algum motivo, o grupo de personagens afasta-se. E isso dá azo a outras coisas, ligações com outras pessoas e depois temos de nos voltar a unir… E isso é tão bonito. Está muito bem feito”, nota o ator português.
José Condessa falou ainda sobre a forma como ‘Rabo de Peixe’ estava a ser encarado antes do lançamento, recordando que procuravam que “representasse a qualidade que temos no nosso país”, algo que sente que ficou provado e que espera que possa trazer mais coisas boas.
“Senti logo na primeira temporada o empenho da Netflix na indústria portuguesa, nas novas criações”, lembra o ator. “Se houve algum momento em que tivemos receio que a Netflix em Portugal fosse continuar, neste momento temos a certeza que ainda está para começar. O que é ótimo para os atores, porque vai ajudar a expandir o mercado português e significa que não temos de emigrar - que foi sempre um dos meus medos. Termos de ser mais um estrangeiro em outro país, quando podemos fazer coisas com valor em Portugal e sermos reconhecidos por isso”.
Ainda sobre o efeito de ‘Rabo de Peixe’ na Netflix após o lançamento, José Condessa refere que sentiu “o dever da responsabilidade” e lembra palavras do criador da série, Augusto Fraga, a respeito da importância de criar algo novo com as temporadas seguintes.
“Uma das coisas que nos permitiu fazê-lo foi, por coincidência, não podermos filmar logo quando era suposto. A primeira temporada estreia em maio e a Netflix exerce o direito à segunda temporada um mês depois - talvez nem tanto. Foi super rápido e na altura até se dizia que poucas séries tinham tido essa renovação tão rápida, como ‘Stranger Things’ e ‘The Crown’, e isso diz muito da qualidade da série, dos números que tivemos e da expetativa para uma série portuguesa. Mas não podíamos filmar porque estávamos todos a trabalhar em lados diferentes. Isto permitiu que os argumentistas tivessem seis ou sete meses para escrever uma nova história”, explica José Condessa.
Temporadas com histórias que 'fecham'
Sobre a segunda e terceira temporadas, José Condessa afirma que “as duas temporadas vão estrear este ano”, sublinhando que cada uma tem o seu próprio desfecho e não deixará os espectadores insatisfeitos.
“[Estas temporadas] não são Parte Um e Parte Dois. Não é como um daqueles casos em que produzem uma temporada e dividem em dois blocos. Aqui, cada temporada tem a sua história”, explica o ator português, não se alongando em relação à eventualidade de uma quarta temporada que, a confirmar-se, “dependerá dos números” de espectadores.
Mesmo com tudo o que está para vir, José Condessa não esquece a sensação de quando soube da decisão da Netflix em dar continuidade a ‘Rabo de Peixe’ e do que isso significava para futuros projetos nacionais.
“Foi incrível. E soubemos que íamos ter uma terceira temporada ao mesmo tempo que soubemos da segunda. Foi uma sensação de dever cumprido. Parecia que tínhamos rompido uma ‘parede’, parecia que por melhores coisas que fizesses nunca íamos atingir um nível mundial”, afirma José Condessa. “O nosso grupo de atores e equipa técnica é muito bom, acho que é excelente. Fiquei muito próximo do Augusto, é mesmo um bom ‘capitão’. ‘Rabo de Peixe’ é feito com muito amor, é muito especial”.
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