De acordo com um inquérito do observatório social da Universidade Nova, os jornalistas estão preocupados com a IA, mais de 70% admitem que o jornalismo pode ser ameaçado pelas tecnologias das grandes empresas tecnológicas.
Os dados indicam que 59,5% dos inquiridos já ouviu falar da IA, mas não tem uma noção aprofundada do que é, contra os 4% que responderam ter um conhecimento avançado, enquanto 36,5% admitem ter noções básicas da tecnologia.
"O que eu diria é: 'não tenham medo de usar, não proíbam, agora tentem, junto dos vossos dirigentes, obter formação sólida sobre isso'", afirma Gameiro Marques, quando instado a dar um conselho ao setor.
"Não tentem improvisar, experimentem, eu próprio experimento num contexto controlado, agora tenham formação, procurem formação", insiste o diretor-geral do GNS.
Desde formação em boas escolas portuguesas, ou noutras, António Gameiro Marques dá o exemplo do CENJOR: "Porque é que não suscitam, desafiam o CENJOR a criar formação de IA para jornalistas".
Aliás, "se fosse um profissional dessa área, podem ter a certeza que já teria suscitado isso, porque é importante que nós saibamos usar uma ferramenta que é importantíssima em vez de estarmos do lado fora da muralha, a dizer 'não, não, não'", prossegue.
"Ou usar criando uma coisa que é o 'Shadow AI' [uso de IA sem supervisão e aprovação da empresa]. Havia o 'Shadow IT', que eram aquelas aplicações que as pessoas usavam e que o departamento de 'IT' [tecnologia] não sabia, e agora há o 'Shadow AI'", aponta.
Gameiro Marques salienta que recentemente leu um artigo onde são identificados os riscos do 'shadow AI' e que planos para mitigar esses riscos é que devem ser feitos, "e um deles é precisamente dar formação às pessoas para elas terem consciência dos perigos e das vantagens que têm em utilizar isto".
Questionado sobre se a inteligência artificial poderá substituir os jornalistas, é perentório: "Não".
"Eu acho que, pelo menos no meu tempo de vida, não deve, porque acho que vai ser uma boa ajuda para vocês [jornalistas], já o é para mim", refere, adiantando que usa algumas ferramentas para, por exemplo, transcrever áudio".
"Não tenho o texto para poder ler e refletir sobre ele, ouço, gravo e transcrevo", acrescenta, referindo que faz também resumos sobre essa transcrição.
"Acho que, se for bem usada, é um excelente incremento da nossa produtividade, mas eu gosto de ver as coisas pelo lado positivo da vida", conclui.
Gameiro Marques foi o orador convidado do Club dos CIOs da EY Portugal, onde abordou os desafios da cibersegurança e diretiva NIS2.
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