Tensões geopolíticas e cortes nos EUA ameaçam exploração espacial

A principal astrobióloga da missão que vai explorar a maior lua de Saturno disse hoje à Lusa que as tensões geopolíticas e os cortes orçamentais nos Estados Unidos estão a ameaçar a exploração espacial.

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Lusa
26/04/2025 23:10 ‧ ontem por Lusa

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Exploração Espacial

Catherine Neish recordou que a desconfiança entre os EUA e a China já vem de longe e que "a lei proíbe cientistas norte-americanos de trabalharem diretamente com cientistas chineses, o que é terrível".

 

Mas a canadiana acrescentou que as tensões se têm vindo a agravar, numa referência à guerra comercial lançada pelo novo Governo de Washington, que também apertou o escrutínio aos cientistas chineses nos Estados Unidos.

Neish é a líder da equipa de astrobiologia da missão Dragonfly, da agência aeroespacial dos Estados Unidos, a NASA, que deverá partir da Terra em 2027, com destino à lua Titã, que, segundo estudos, poderá ter condições para ter vida.

A académica admitiu que "muitas coisas preocupantes estão a acontecer nos Estados Unidos", incluindo uma proposta de Orçamento para 2026 com um corte de 47% no financiamento da NASA para investigação científica.

Neish falava à margem de uma sessão, dedicada ao papel do continente asiático na exploração espacial, da Cimeira das Universidades da Ásia, que terminou hoje na região semiautónoma chinesa de Macau.

Na mesma sessão, um investigador do Instituto de Tecnologia de Harbin, no norte da China, defendeu que "a geopolítica não se pode imiscuir" na investigação aeroespacial.

Song Kai lembrou que em 1975, a Apollo-Soyuz, uma missão especial conjunta dos Estados Unidos e da União Soviética, "foi avante, mesmo durante a Guerra Fria".

O académico, que estuda como gerar energia para uma futura base na Lua, defendeu a necessidade de "manter a investigação mais essencial isolada da política" e sublinhou a importância de "construir colaborações".

Uma opinião partilhada por Catherine Neish: "Podemos começar a ganhar confiança e isso pode talvez levar mesmo à colaboração em futuras naves espaciais".

A professora na Universidade do Leste do Ontário apontou a partilha de conhecimento em bases de dados acessíveis a todos os cientistas como um primeiro passo que já está a ser dado.

"Há algumas décadas, as bases de dados chinesas eram todas apenas em mandarim. Mas isso mudou completamente. Também a Índia abriu mesmo", sublinhou Neish.

Até os planos para as missões lunares estão a ser partilhados entre cientistas, destacou Song Kai, que defendeu a colaboração como vital para missões mais eficientes e com menores custos.

O engenheiro deu como exemplo o programa espacial da Índia, que tem feito avanços, apesar de orçamentos muito inferiores aos de países rivais, graças a soluções como "satélites montados com partes modulares e reutilizáveis".

O corte no orçamento da NASA "pode abrir uma janela de oportunidade" para os programas especiais da China, Índia e Japão, que têm também procurado maior cooperação com o Canadá e a União Europeia, referiu Catherine Neish.

Leia Também: China lançou três astronautas para a sua estação espacial Tiangong

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