Terras Sem Sombra dedicado à condição da mulher na música abre sábado

Um recital da soprano filipina Antoni Mendezona com o pianista Nuno Margarido Lopes abre, no sábado, em Arraiolos, a 21.ª edição do Festival Terras Sem Sombra (FTSS), que até dezembro percorrerá 16 localidades portugueses e duas espanholas.

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Lusa
14/03/2025 13:53 ‧ há 6 horas por Lusa

Cultura

Arraiolos

O Festival, que este ano tem as Filipinas como país convidado e por tema a condição da mulher na música - "Autoras, Intérpretes, Musas: O Eterno Feminino e a Condição da Mulher na Música (Séculos XIII-XXI)" -, levará iniciativas a concelhos do Alentejo e do Ribatejo e ainda a dois outros da vizinha Espanha. O orçamento é de 280 mil euros, sendo metade garantida pelas autarquias envolvidas, disse à agência Lusa a sua diretora executiva, Sara Fonseca.

 

Este ano, o Terras sem Sombra voltou a ter financiamento da Direção-Geral das Artes (DGArtes), na modalidade bienal, depois de três anos sem o obter, apesar das "altas classificações" dadas às candidaturas, que as tornavam elegíveis para apoio, por falta de verbas disponíveis do Programa Sustentado.

O apoio da DGArtes é de 60.000 euros anuais, o que permite "chegar mais longe", "envolver mais gente", "pagar as contas", nomeadamente da equipa da organização do Festival, assim como "programar mais", disse Sara Fonseca à Lusa.

Na edição do próximo ano, graças a este apoio, será possível programar uma ópera encenada, adiantou a diretora executiva. A ópera está a ser preparada com crianças e as comunidades locais. Há dez anos que não é apresentada uma ópera no Alentejo, disse a responsável.

Segundo Sara Fonseca, sem apoio estatal "foi muito difícil" levar as edições anteriores a bom termo, tendo sido necessário recorrer a um mecenas externo sem qual não teria sido possível a edição anterior. A Fundação La Caixa "supriu uma grande lacuna", garantiu.

O crítico musical Juan Ángel Vela del Campo, que assegurou a direção artística nas últimas edições, reformou-se, "mas continua a ser um amigo do Alentejo e do Festival", e trabalhou nos bastidores, tendo contado também com o apoio da soprano Carla Caramujo que dirige, atualmente, o Festival de Ópera de Óbidos.

Questionada sobre o alargamento do Festival a Espanha, Sara Fonseca disse que permite encontrar outras fontes de financiamento. "Estamos a trabalhar para que o Festival se torne efetivamente ibérico e haja uma permeabilidade que permita levar lá [a Espanha] e trazer cá".

À Lusa, a responsável disse que o Festival ao longo dos seus 21 anos tem recebido apoios dos ministérios da Cultura e dos Negócios Estrangeiros de Espanha, e, no futuro, vão "continuar a cooperar no sentido de obter mecenato espanhol para alguns eventos de maior dimensão".

Sara Fonseca enfatizou o "forte apoio das autarquias" que "entendem que este Festival é uma mais-valia para o território", e aumentaram este ano a sua contribuição, através de um protocolo.

A colaboração do Centro Rei Abdullah Bin Abdulaziz para o Diálogo Interreligioso e Intercultural (KAICIID) com o Festival também vai permitir "trabalhar com as comunidades migrantes nos concelhos de Ferreira do Alentejo e Odemira".

Castelo de Vide é uma das etapas deste Festival itinerante e vai acolher, pela primeira vez, um desfile de moda "porque há um trabalho excecional que é feito nas Filipinas com a moda e a biodiversidade", disse Sara Fonseca, referindo como são aproveitados vários materiais naturais desde a casca de coco às fibras das palmeiras, e outras variedades botânicas. Muito desse trabalho é feito por associações de mulheres que vivem sós, vítimas de violência doméstica.

A responsável frisou que a missão deste Festival é conseguir fazer chegar a música erudita a sítios onde não pode ser usufruída, e, por outro lado, dando a conhecer o património cultural e natural, promovendo a sua proteção, "ao dar-se a conhecer a todos"

Depois do recital de abertura, no próximo fim de semana, em Arraiolos, no plano musical, atuam ainda Antoni Mendezona e Nuno Margarido Lopes que apresentarão um programa que inclui peças de José A. Estella, Lucio San Pedro, George Frideric Handel, Robert Schumann e Francisco de Lacerda, entre outros.

No plano do património será promovida uma visita ao Castelo de Arraiolos, construído em inícios do século XIV, orientada pelo arquiteto Vítor Mestre que lidera a equipa de requalificação em curso do monumento. No plano da biodiversidade, haverá uma visita à tapada da Herdade de Coelheiros, que "é histórica e um exemplo de agricultura regenerativa", com aproveitamento dos "ciclos da natureza a favor daa produção, que tem uma dupla certificação nas questões biodinâmicas, e é um modelo a replicar".

O festival, que decorrerá este ano com o tema "Autoras, Intérpretes, Musas: O Eterno Feminino e a Condição da Mulher na Música (Séculos XIII-XXI)", prolongar-se-á até ao início de dezembro, com concertos e visitas guiadas, entre outras iniciativas, por localidades de concelhos de Ferreira do Alentejo, Sousel, Arronches, Castelo de Vide, Mourão, Coruche, Beja, Sines, Odemira, a que se juntarão mais dois de Espanha.

O cartaz artístico deste ano vai contar com a Orquestra de Câmara de Siero, das Astúrias, o Trio Berenson, o Coro della Farnesina, de Roma, o pianista checo Ivo Kahánek, o agrupamento Giardini di Delizie, composto por elementos femininos, o coro feminino Collegium Musicum, o duo das violinistas Camille Bighin e Asilkan Pargana, o ensemble La Nave Va, a Orquestra da Costa Atlântica e o Ensemble Bonne Corde, entre outros músicos.

Sara Pereira defendeu a necessidade de "contagiar os territórios através da música que faz a paz". E concluiu: "A música pode congregar-nos".

No ano passado, o festival Terras sem Sombra teve Itália por país convidado.

Leia Também: Sónar Lisboa celebra música eletrónica com mais de 50 apresentações

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