"Penso que todos concordam que não queremos ver os mercados e as bolsas a afundarem-se. Não é do interesse da economia em geral, nem da economia europeia, e é tudo o que podemos dizer por agora", reagiu a porta-voz principal do executivo comunitário, Paula Pinho, na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas.
Questionada sobre a ambição europeia de tentar negociar com os Estados Unidos, Paula Pinho insistiu que esta "é a abordagem preferida da União Europeia [UE]", apontando que, hoje, "as modalidades destas discussões estão a ser discutidas com precisão e debatidas em mais pormenor com todos os Estados-membros" no Conselho de Comércio, no Luxemburgo.
Os ministros do Comércio da UE debatem hoje as atuais tensões comerciais, num dia em que as principais bolsas europeias abriram da mesma forma que encerraram na semana passada, com quedas acentuadas pelo receio das consequências da aplicação das tarifas impostas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.
O mercado continua a ser afetado pela entrada em vigor das tarifas impostas por Donald Trump aos parceiros comerciais dos Estados Unidos e pelas medidas de retaliação anunciadas pela China, que podem ser seguidas pelas de outras grandes economias, como a da UE.
À chegada ao encontro no Luxemburgo, o comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, criticou a "mudança de paradigma" no comércio mundial com a nova política dos Estados Unidos, marcada pela imposição de novas tarifas, defendendo preparação na UE para os próximos passos.
Depois de ter estado em contacto com os seus homólogos norte-americanos face aos recentes anúncios do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o responsável europeu adiantou que iria informar os seus colegas de tais conversações iniciais, admitindo porém a "situação muito difícil" para as empresas europeias.
Segundo o comissário europeu do Comércio, urge também garantir que, com o resto do mundo, a UE "acelera as negociações sobre comércio livre e assegura que estes 87% do comércio [sem os Estados Unidos] continuam a funcionar num sistema baseado em regras, respeitando os mecanismos da Organização Mundial do Comércio".
Portugal está representado na reunião, no Luxemburgo, pelo secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira.
As novas tarifas de Trump são uma tentativa de fazer crescer a indústria dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que pune os países por aquilo que disse serem anos de práticas comerciais desleais.
No entanto, a maioria dos economistas acredita que as tarifas ameaçam mergulhar a economia numa recessão e, ao mesmo tempo, destruir alianças de décadas.
A União Europeia está a preparar-se para tensões na relação com a nova administração de Donald Trump, especialmente em relação a tarifas comerciais, mas no espaço comunitário paira a incerteza sobre a parceria transatlântica.
A Comissão Europeia detém a competência da política comercial na UE.
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