Kato confirmou o que os analistas têm vindo a sugerir, com base no objetivo prioritário dos Estados Unidos de reduzir a balança comercial com países com os quais têm défice e aos quais aplicou tarifas - a que chama de recíprocas -, como o Japão.
"Houve várias comunicações com o lado norte-americano, incluindo sobre taxas de câmbio, e então os movimentos nos mercados de câmbio podem estar entre os temas discutidos, embora os detalhes ainda não tenham sido determinados", referiu Kato num discurso no Parlamento japonês.
O dirigente também explicou que as discussões sobre a taxa de câmbio vão ser realizadas entre os ministros das Finanças de ambos os países.
O Governo japonês anunciou na terça-feira que o ministro responsável pela Revitalização Económica e Novo Capitalismo, Ryosei Akazawa, vai ser o principal representante de Tóquio nas negociações tarifárias.
Washington, por sua vez, nomeou a dupla formada pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, e pelo representante comercial, Jamieson Greer, para liderar a equipa.
Observadores apontaram a possibilidade de Washington exigir que Tóquio tome medidas para fortalecer o iene em relação ao dólar, uma medida que ajudaria a reduzir o custo das importações japonesas para os Estados Unidos e reduziria o atual défice comercial do país com o Japão.
Essa poderia ser a contrapartida que os Estados Unidos exigem ao Japão pela redução das tarifas impostas e também estaria em linha com os planos do Banco do Japão (BoJ) de continuar a aumentar as taxas de juros, que atualmente estão em 0,5%, enquanto a situação económica permitir.
Embora o iene tenha valorizado cerca de 7% em relação ao dólar até agora este ano, caiu 25% em relação ao dólar desde 2020.
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, e o Presidente dos EUA, Donald Trump, conversaram por telefone na segunda-feira e concordaram iniciar discussões sobre as tarifas que entraram hoje em vigor.
Bessent sinalizou na terça-feira, através da rede social X, a disposição dos EUA de manterem "conversas produtivas" com o Japão, "um dos aliados mais próximos" do país, e indicou que estas vão incluir "questões de tarifas, barreiras não tarifárias, questões cambiais e subsídios estatais".
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, também disse que as negociações vão ser "adaptadas ao caso de cada país" e incluir mais do que apenas tarifas, incluindo "ajuda estrangeira ou a presença militar dos EUA e como ela é paga" para essa mobilização.
Greer, por sua vez, declarou num discurso no Senado norte-americano que o Japão enfrenta "impedimentos estruturais" às exportações industriais dos EUA. Observou, além disso, que os EUA "poderiam ter maior e melhor acesso ao mercado agrícola do Japão".
As "tarifas recíprocas" que os Estados Unidos --- o maior mercado para as exportações japonesas --- começaram a aplicar hoje chegam a 24% no caso do Japão e vêm somar-se à outra bateria de tarifas de 25% sobre importações de veículos, aço e alumínio.
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