FMI antecipa queda da inflação na Europa com "choque da procura"

A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse esta segunda-feira em Los Angeles que as implicações das tarifas impostas pelos Estados Unidos na região europeia vão pressionar a procura e reduzir a inflação. 

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© Kevin Dietsch/Getty Images

Lusa
05/05/2025 22:08 ‧ há 5 horas por Lusa

Economia

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"Nas economias avançadas que estão a passar por um choque da procura -- nomeadamente a União Europeia -- que estão sujeitas a tarifas, estamos a ver as expectativas de inflação a baixar", afirmou a responsável, numa sessão da Conferência Global do Milken Institute. 

 

Na China, a severidade desse choque será de tal ordem que o país poderá enfrentar deflação, avisou Georgieva. O contrário é esperado para os Estados Unidos, onde a previsão é de aumento da inflação porque a procura não está a baixar mas a oferta sim, devido às barreiras repentinas das taxas aduaneiras.

Estas tendências inversas resultam da "turbulência significativa que estamos a atravessar no comércio global" por causa das tarifas, um dos principais temas económicos discutidos na conferência e que apresenta desafios para as políticas monetárias. 

Embora considere que a economia mundial tem sido "extremamente resiliente" perante choques sucessivos, incluindo a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia, Georgieva avisou que os próximos tempos serão difíceis. 

"As consequências são significativas porque estamos a ir de um regime comercial previsível para aquele que será um novo equilíbrio, mas a forma de lá chegar é muito incerta", declarou a diretora. "O preço da transição, o que o mundo está a pagar por essa mudança de um equilíbrio para algo novo, não é trivial". 

O FMI reduziu as suas expectativas de crescimento económico em 2025 de 3,3% para 2,8%, embora ainda não preveja uma recessão. 

Kristalina Georgieva disse que as reuniões de primavera do FMI, que decorreram no final de abril, mostraram muita ansiedade nos países membros e necessidade de abrir um caminho para o regresso da previsibilidade. 

"A minha expectativa é ver muita atividade em torno das relações comerciais, com mais acordos bilaterais e multilaterais", indicou. "Também espero ver os países a fazerem finalmente o que já deviam ter feito, mais trocas entre vizinhos e reformas que temos defendido". 

Para a diretora do FMI, esse é o lado positivo do que está a acontecer. Considerou que o choque levará países como a Alemanha a fazerem reformas necessárias -- no caso do 'motor' europeu, com uma expansão da dívida que lhe permitirá crescer mais. 

O caso dos Estados Unidos é diferente, porque o défice está muito elevado e o corte de impostos que será aprovado pela nova administração irá aumentá-lo. Georgieva apontou que houve um excesso de despesas com estímulos no país e que os gastos têm de ser refreados.

"Vamos ver muito mais atenção ao que pode pôr as economias a crescer mais rapidamente, porque não se pode pedir emprestado para pagar dívidas", salientou. "Só se pode crescer para sair das dívidas". 

Ainda assim, apesar da volatilidade nos mercados financeiros, a responsável não vê necessidade de interferência da Reserva Federal nem de outros Bancos Centrais. O que é necessário, reiterou, é reduzir a incerteza para garantir que os investidores continuam a investir e os consumidores continuam a consumir. 

Além da sessão com a diretora do FMI, houve um painel de discussão sobre os mercados de capitais a nível global e o que se prevê para os próximos meses. 

Andrew Sullivan, CEO da Prudential Financial, disse que já está a ver os níveis de investimento a baixar, em especial na área de imobiliário. Jane Fraser, CEO do Citigroup, notou que a maioria das empresas se encontra num limbo, à espera de ver como a situação se vai desenrolar antes de voltar a investir. 

"Os clientes estão a preparar-se para ventos contrários", afirmou a executiva, apontando que a situação nos levará mais rapidamente para um mundo multipolar, com grandes economias a repensarem as suas ligações. 

Também Harvey Schwartz, CEO da Carlyle, salientou que o "custo do risco está mais elevado porque a incerteza aumentou". O executivo espera que haja alguma clareza até ao final do ano e considerou negativo o embate com a China. "Não será um bom resultado que as duas maiores economias do mundo estejam numa guerra comercial". 

A Global Conference do Milken Institute decorre até quarta-feira, 07 de maio, no Beverly Hilton em Los Angeles.

Leia Também: FMI alerta que crise comercial "agrava inflação" em São Tomé e Príncipe

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